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Jamais fomos Modernos- ensaios de antropologia simétrica
(Bruno Latour)

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Neste livro Latour procura desconstruir os pressupostos que constituem a modernidade, bem como a convicção de que ser moderno é ser radicalmente diferente de tudo o que existe e já existiu.
Através da leitura de um jornal, se percebe que as temáticas são de natureza hibrida. Não obstante, as áreas de conhecimento continuam a insistir no que Latour chama de trabalho de purificação. No entanto, as gerações contemporâneas já não mais se sentem seguras pelos pressupostos da modernidade. Embora ainda incapazes de algo diferente, já não mais confiam nas “garantias da Constituição”. Isso porque, o pensamento moderno conteria contradições que o anulariam.
Para se poder fazer uma análise crítica, o autor propõe que olhemos para as redes. Do contrário, insistiríamos nos mal-entendidos da modernidade, como o de que uma descrição técnica seja isenta de suas conseqüências, o de que discurso é uma realidade em si, ou de que natureza seja um reino autônomo da sociedade, ou numa outra vertente, mera representação do que as culturas fazem dela. E por fim, o mal entendido de que a política consistiria unicamente de jogos de poder.
Os modernos, não obstante o surgimento dos híbridos (como o buraco da camada de ozônio, uma questão que envolve natureza e sociedade), insiste no trabalho de purificação. Aceitam as diversas vertentes de compreensão (social, natural, etc.), desde que não se misturem. No entanto, quando etnografamos o outro, não temos problemas em fazer uma narrativa no formato de rede.
O trabalho de purificação resulta no que Latour chama de Constituição moderna, que é justamente o que nos dá confiança de pensarmos ser modernos, bem como pensar os outros ou nosso passado como pré-moderno. No entanto, os híbridos nunca deixaram de existir, e é nesse fato que Latour se baseia para construir o argumento de que jamais fomos modernos.
A separação das esferas é ilustrada pelas diferenças de perspectivas de Boyle e Hobbes, ambos ingleses e contemporâneos. O primeiro criou a bomba a vácuo, um instrumento que permite experimentos em condições ideais de laboratório, onde as coisas falariam por si, independente de opiniões e interesses. Já Hobbes com seu Leviatã, propunha um poder político do soberano acima de qualquer coisa, uma vez que representariam os interesses dos homens.
Mas os modernos atualmente estariam sendo vítimas de seu próprio sucesso. A multiplicação dos híbridos (ou seja, o surgimento de cada vez mais questões tecnológicas que não poderiam ser colocadas do lado dos objetos nem do lado dos sujeitos) forçaria a compreensão dos mediadores. A resposta moderna a esse problema é o desenvolvimento dos estudos da linguagem e do discurso, o que Latour critica. A análise do discurso não funciona sem levar-se em conta os fatos empíricos e as intencionalidades.
Latour também fala da concepção de um tempo que vai sempre capitalizando, como um artifício moderno, resultando em uma obsessão por revoluções (rupturas) e permitindo classificar determinadas formas como arcaísmo ou resíduo. Nada mais falso, pois um carpinteiro pode usar uma furadeira, mas também um martelo, uma ferramenta de milhares de anos, o que não consiste em nenhum resíduo, tão pouco um contraste.
A antropologia poderia vir a demonstrar as contradições da Constituição. Deve antes, no entanto, realizar um esforço para se fazer simétrica. Latour afirma que a antropologia se sente a vontade para estudar os “erros” (feitiçaria e punks, por exemplo), mas não para estudar as “verdades” (as próprias Ciências). E com os saberes exóticos não se faz a separação, possivelmente porque têm-se como implícito que são “erros”. Ou, em outras palavras, representações do real. E o conhecimento do real seria privilégio dos modernos, graças as Ciências.
No entanto, diversos etnólogos se propõe a estudar a sociedade moderna.
Quando estudam o outro, os antropólogos procuram dar conta da totalidade. Mas quando se voltam para suas próprias sociedades, se concentram em temas e grupos marginais. Porque não estudar temas centrais como as representações dos cientistas?  A economia global?
Mas ao propor uma abordagem simétrica, Latour não propõe abolir as diferenças. Em primeiro lugar, deve-se desconstruir a separação cultura x natureza, pois esta é uma concepção moderna auto-legitimada. Sendo assim, não existiriam culturas, mas culturas-natureza, cada uma delas representando um coletivo diferente. Há que se rastrear então o que Latour chama de “quase-objetos”. Um “quase-objeto” pode ser o buraco na camada de ozônio, ou espíritos visíveis no céu. Estes tem a mesma importância (simetria), não sendo um real e o outro representação. Não obstante, resultam em coletivos diferentes.
A sociedade moderna se realiza na forma de rede. Estas redes são tão locais quanto globais, mas ainda assim, um global limitado. A elasticidade do ar, conforme exemplifica o autor, pode ser verificada em qualquer lugar. Mas desde que esteja presente uma bomba de Vácuo. Uma estação ferroviária é local, mas está conectada com outras através de uma ferrovia. No entanto, não se pode ir a qualquer parte do mundo por uma ferrovia.
Assim, os modernos só podem ser modernos dentro de suas redes, assim como os Achuar só podem ser Achuar dentro de suas aldeias.
O mundo não se tornará moderno. Se não mudarmos, não seremos capazes de compreender outras culturas, tão pouco o ambiente, que já não controlamos mais, se é que algum dia o fizemos.
Por fim, Latour sugere uma nova Constituição, onde seria conservado dos modernos as redes extensas e a experimentação, porém rejeitada a separação da natureza e a sociedade bem como a clandestinidade dos híbridos.



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