Gil Vicente
(Antonio Guerra)
Em 1502, Gil Vicente, fez representar no quarto da mulher do rei D. Manuel, que poucos dias antes dera á luz o futuro rei D. João III, o “Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro”. Tal como o título indica, era a fala de uma personagem rústica que vinha festejar o nascimento do príncipe.
Gil Vicente, inspirava-se nas representações de um outro poeta palaciano, o castelhano Juan del Encina.
A corte portuguesa era bilingue, e, no século XVI, foram castelhanas todas as mulheres dos reis portugueses.
De 1502 a 1536 , ano da “Floresta de Enganos”, há registo de cerca de 44 obras de Gil Vicente.
Nenhuma lista pode ser considerada definitiva. Algumas obras foram editadas pelo próprio Gil Vicente em folhetos de cordel, e algumas dessas edições foram proibidas pela Inquisição. Em 1562, depois da morte de Mestre Gil, seu filho Luís Vicente, fez imprimir a “Compilação de Todaslas Obras de Gil Vicente”, que é incompleta e defeituosa.
Pertencendo á roda da corte e sendo colaborador do Cancioneiro Geral, Gil Vicente terá sido também ourives. É provável que seja o autor da custódia de Belém, fabricada com o primeiro ouro que chegou á Europa vindo da costa oriental de África.
Para além da tradição castelhana, Gil Vicente, integrou no seu teatro, em que há autos, farsas e sermões, a tradição medieval e popular da representação dos acontecimentos e mistérios da vida de Cristo. A ambas juntou a criação de tipos sociais colocados em situações que os fazem viver e falar com uma linguagem própria que simultaneamente os caracteriza e serve a situação em que se encontram. Pôde assim atingir a crítica social e juntá-la á reflexão sobre o destino do homem enquanto ser dotado de livre-arbitrio e colocado entre bens terrenos e as aspirações transcendentes.
Deve-se acrescentar, que nas suas peças deu abrigo ás composições do lirismo tradicional vindo da Idade Média e comum ao português e ao castelhano.
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