Os Pré-Românticos
(Antonio Guerra)
O pré-romantismo tem origem na corrente de Arcádia e de outras academias semelhantes em que se procurava aproximar a poesia da vida quotidiana e das paixões realmente sentidas pelo homem. Continua a linha satírica e de critica social que os poetas dessas academias retomaram.
O Abade de Jazente, Paulino António Cabral (1719-1789), apresenta uma poesia em que transparece a sua vida intima e a vida social do Porto, cidade onde terá sido membro de uma Arcádia que se reunira por volta de 1760, sob a protecção do bispo.
É autor também de textos sobre o terramoto de 1755, que muito impressionou as consciências da época das Luzes. Os seus poemas não se destinavam á publicação, o que lhes dá um toque de maior verdade e proximidade em relação ao real quotidiano.
Nascido no Porto em 1714 e falecido em Moçambique em 1810, Tomás António Gonzaga, esteve implicado no processo da Inconfidência Mineira, o que lhe valeu ser degredado para a terra onde viria a morrer.
É autor de um volume de versos, a “Marília de Dirceu”. Sob estes poéticos nomes, conta o autor, o seu amor por uma senhora mais jovem do que ele e o seu desejo de com ela conhecer as alegrias do amor partilhado e dos serões tranquilos. O poder de concretização da sua linguagem e a sua simplicidade, aliados ás características temáticas, estiveram na origem do êxito editorial que teve.
Nicolau Tolentino de Almeida (1740-1811), foi professor de Retórica nas escolas criadas pelo marquês de Pombal e depois oficial de secretaria.
Deixou-nos uma poesia em que revela o universo citadino em que viviam os pequenos empregados, o universo da capital, da Lisboa da classe média pobre em que se mendigavam empregos e os acontecimentos eram serões de pouco interesse e nenhum estímulo intelectual.
Para além da notação precisa e mordaz do quotidiano, o autor deixou poderosas sátiras, em que transparece o gosto pelas frases concisas e exemplares e uma ironia á Voltaire que é sinal do tempo que lhe foi dado a viver.
Lente de Matemática e perseguido pela Inquisição, José Anastácio da Cunha (1744-1787), era um homem culto e bom conhecedor da poesia inglesa. A sua obra poética distingue-se pelo tratamento dado ao tema do amor. Neste poeta não existe sequer a idealização da mulher, ao contrário, a sua poesia exprime a relação carnal entre o homem e a mulher, e todo o seu encanto.
D. Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna (1750-1839), passou parte da sua infância e da sua juventude reclusa num convento, enquanto seu pai cumpria pena de prisão por ordem do marquês de Pombal.
Casou com um nobre alemão, o conde de Oeynhausen, e viveu em Viena e Londres. Por morte do seu irmão herdou o titulo nobiliário porque ficou conhecida.
Muito culta e espalhando a influência do seu gosto através dos seus salões, representa simultaneamente o espírito do Iluminismo e as tendências românticas.
Escreveu em verso sob o nome arcádico de Alcipe e deu a conhecer, os poetas alemães que viriam a formar o gosto romântico.
Manuel Maria Barbosa du Bocage, nascido em 1765, teve uma vida desordenada e infeliz, que comparou á de Camões, conhecendo a angústia da aproximação da morte que o levou com 40 anos, em 1805.
Por um lado é um poeta repentista, que nessa qualidade ficou conhecido e se tornou popular, por outro, um autor de sonetos que se mede com o modelo de Camões, embora lhe seja inferior na dimensão da experiência intelectual e humana.
Os seus sentimentos e as suas ideias são de extremos, o que não o impede, de como árcade ter sabido encontrar contenção e medida.
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