Resumo de A Bota - Linda O'Keeffe

Quando Bette Midler comentou: "Dêem a uma mulher o calçado apropriado e ela conquistará o mundo" poderia estar a referir-se às botas. As botas que desde sempre foram um símbolo de força, têm também a função de talismãs. Nos contos de Perrraul: O Gato das Botas e o Polegarzinho, vítimas indefesas voltam a sorte a seu favor roubando e calçando as botas dos seus perseguidores. E mesmo o general norte-americano Georges Patton referiu que um par de botas pode transformar aum soldado vulgar num autentico guerreiro, a bota pode pois ter um efeito psicológico em quem a calça.

Pinturas rupestres descobertas em Espanha e que datam de cerca de 13.000 a.C. mostram homens e mulheres com botas de peles de animais. Mas, à medida que os papéis de cada sexo se foram arraigando culturalmente, os homens caminharam a passos largos para conquistarem o mundo, enquanto as mulheres ficavam em casa calçando sapatos tão delicados que apenas podiam ser usados no quarto de dormir.

O calçado prático para as mulheres poderia ter af4ectado a ordem das coisas; de facto, uma das acusações feitas a Joana d'Arc, cujo comportamento rebelde fez com que fosse considerada feiticeira, foi de que usava botas de homem até às coxas. No século XVIII, os homens utilizavam mais as botas do que os sapatos, mas as mulheres das classes altas continuavam a ser literalmente mantidas no seu lugar com o frágil calçado feito de sedas e veludos. A ùnica excepção à regra era a bota de montar - uma versão reduzida do modelo masculino -, que as mulheres podiam usar quando montavam a cavalo.

Só após a década de 1830, as mulheres que não trabalhavam começaram a usar botas na vida de todos os dias. Para fazer o pé feminino parecer mais delicado, as novas botas até ao tornozelo eram feitas com formas estreitas e firmemente apertadas com atacadores ou botões. A sua função era aprisionar a carne, afastando-a da tentação, mas tinham o efeito exactamente oposto - realçavam a curvatura da barriga da perna e revelavam-se altamente eróticas.

Quando a produção em massa surgiu, na década de 1850, as botas ficaram ao alcance tanto das criadas como das senhoras a quem serviam. Deixando de ser um sinal de posição social elevada, a bota tornou-se um símbolo de crescente igualdade não apenas entre os sexos mas também entre as classes sociais.

A história das botas continua com a moda já no século XX e tornou-se uma ribalta e uma libertação, que vai desde a moda Beatle às botas atrevidas que cada costureiro foi idealizando conforme o andar dos tempos e as necessidades de adaptação aos fatos femininos.

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