Língua Falada e Língua Escrita
(Ataliba T. de Castilho)
Não se pode afirmar que a língua falada é mais pobre que a língua escrita. Apesar de constituir-se de períodos mais simples, o texto oral na maioria das vezes é construído em tempo real, ou seja, no exato momento em que a comunicação está ocorrendo. Nessa situação, o texto vai se construindo não só pelas estruturas sintáticas, mas também por estruturas discursivas. Assim, as orações que se formam na língua falada são muito diferentes e de certa forma mais complexas do que as utilizadas na língua escrita.Isto ocorre porque, ao mesmo tempo em que fala, a pessoa percebe as reações de seu interlocutor. Este, através de gestos, olhares, expressões faciais ou mesmo interrupções, demonstra como está recebendo o texto falado. Diante disso, o falante vai ajustando seu discurso com estruturas que visam o confirmar o entendimento, reforçar certos pontos, etc.É claro que na língua escrita, com a oportunidade de reler e reorganizar o texto, acabamos por elaborar orações mais coesas, mais estéticas e com vocabulário mais preciso. O texto pode ser planejado e revisto com cuidado, transmitindo as idéias de maneira eficaz. Assim, na sua modalidade escrita, a língua acaba sendo mais bem explorada e nesse aspecto poderia ser considerada mais rica.Mas essa riqueza que temos no texto escrito, construído calmamente com as melhores palavras e estruturas que a língua pode oferecer, não é maior que a riqueza do texto falado no qual a interação com o ouvinte guia o falante que constrói seu discurso de forma viva e criativa.
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