Auto da Barca do Inferno - Cena do Parvo
(Gil Vicente)
O Parvo é uma personagem peculiar em vários aspectos. Em primeiro lugar é identificado com um nome, Joane, que, no entanto, nada acrescenta sobre a sua identidade. Não se trata de uma personagem-tipo, ao contrário de todas as outras, pois não representa nenhum grupo social ou profissional e é o único, juntamente com os quatro cavaleiros que morreram na Guerra Santa, a ter o direito de entrar na Barca da Glória. O Parvo distingue-se, ainda, por ser uma personagem extremamente cómica. Com efeito, o autor recorreu aos três processos de cómico na cena do Parvo: o cómico de personagem, o cómico de situação e o cómico de linguagem, sendo este último largamente utilizado. No diálogo inicial entre o Parvo e o Diabo, o Parvo responde às perguntas do Diabo sempre de forma desconcertante, aproveitando todas as oportunidades para insultá-lo e fazendo uso de uma linguagem brejeira. Desprezando completamente o Diabo, dirige-se até à Barca da Glória e pede ao Anjo que o deixe embarcar. O Anjo permite-lhe a passagem, pois reconhece que o Parvo não tinha qualquer malícia e, se pecou, fê-lo sem intenção. No entanto, o Anjo pede-lhe que espere no Cais até que chegue alguém realmente merecedor do Paraíso.
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