Nosso Lar
(Francisco Candido Xavier)
"A vida não acaba. A vida é fonte infindável e a morte é o jogo escuro das ilusões. Trocar a roupagem física não determina o problema principal da luz, como a troca de indumentos nada tem que ver com as dissoluções profundas do destino e do ser. É preciso muito empenho do homem para ingressar na academia do Evangelho do Cristo, admissão que se verifica, quase sempre, de alheia maneira, ele só, na companhia do Mestre, efetuando o curso difícil, recebendo lições sem funções visíveis e ouvindo vastas teses sem palavras articuladas.
Manifestamo-nos, junto a vós outros, no anonimato que obedece à caridade fraternal. A existência humana apresenta grande maioria de vasos delicados, que não podem dominar ainda toda a verdade. Aliás, não nos preocuparia, agora, senão a conhecimento profundo, com os seus valores coletivos. Não afligiremos ninguém com a idéia da eternidade. Que os vasos se fortaleçam, em primeiro lugar. Ministraremos, somente, algumas ligeiras notícias ao espírito sequioso dos nossos irmãos na trilha de realização espiritual, e que abraçam conosco que "o espírito sopra onde quer".
Após o desencarne,do Dr. André Luiz despertou em cenário que, quando não totalmente escuro, parecia regado de luz alvacenta, como que amortalhada em névoa espessa, que os raios do Sol acendessem de muito longe.
Ele narra: "Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito... Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro."
Dr.André Luiz nos conta que, entre angustiantes exposições, em momento algum o problema religioso apareceu tão denso aos seus olhos. Os inícios meramente filosóficos, políticos e científicos consideravam bem subsidiários para a vida humana. Porém, igual análise surgia tardiamente. Admitira as letras do Velho Testamento e muita vez folheara o Evangelho; contudo era imprescindível perfilhar que nunca procurara as epístolas sagradas com a luz do coração.
- "Suicida! Suicida! Criminoso! Infame!" - gritos assim cercavam-no de todos os lados. Torturava-o a fome, a sede o escaldava. Comezinhos acontecimentos da experiência material patenteavam-se aos seus olhos. A barba crescera, a roupa começara a romper-se.
- "Que buscas, infeliz? Aonde vias, suicida?" Tais objurgatórias, incessantemente repetidas, perturbavam-lhe o coração. Por que a pecha de suicida se fora compelido a abandonar a casa, a família e o doce convívio dos seus?
Frente à grande porta embutida em altos muros, coberto de trepadeiras floridas e graciosas, se apresou e, tateando um alvo na muralha, fez abrir-se as portas de "Nosso Lar".
Narra Dr André Luiz: "Branda claridade inundava ali todas as coisas. Ao longe, gracioso foco de luz dava a idéia de um pôr do sol em tardes primaveris. À medida que avançávamos, conseguia identificar preciosas construções, situadas em extensos jardins."
Transportado a confortável aposento de extensas dimensões, ricamente mobiliado, esforçou-se por dirigir a palavra aos dois bondosos enfermeiros:
- "Amigos, por quem sois, explicai-me em que novo mundo me encontro... De que estrela me vem, agora, esta luz confortadora e brilhante?" Um deles afagou a fronte de André, como se fora conhecido pessoal de longo tempo e exacerbou:
- "Estamos nas esfera espirituais vizinhas da Terra, e o Sol que nos ilumina, neste momento, é o mesmo que nos vivifica o corpo físico. Aqui, entretanto, nossa percepção visual é muito mais rica. A estrela que o Senhor acendeu para os nossos trabalhos terrestres é mais preciosa é bela que a supomos quando no círculo carnal. Nosso Sol é a divina matriz da vida, e a claridade que irradia provém do Autor da Criação."
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