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Separações
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Romance. Casados há 12 anos, Cabral e Glorinha atravessam uma crise. Ele, diretor teatral de reconhecido talento, começa a demonstrar cansaço com a rotina de vida e trabalho conjuntos; ela, atriz e assistente de direção das peças dele (e 20 anos mais nova do que o cinqüentão Cabral), quer novas experiências, voar pelas próprias asas, o que desagrada a ele. O convite profissional do amigo e ex-namorado dela, Ricardo, também diretor de teatro e iniciando um novo projeto, acaba sendo estopim de uma nova briga, levando-os a "dar um tempo". Assim, enquanto Glorinha vai trabalhar com Ricardo e se apaixona pelo arquiteto Diogo, Cabral tem um caso com uma aluna e logo se arrepende, passando a pedir, sem saber que já existe outro homem na história, que Glorinha reconsidere e volte para ele. Juntam-se à trama a filha de Cabral, Júlia, jovem que não crê na fidelidade conjugal e vive traindo o marido; Maribel, amiga de Júlia que namora com Ricardo, sem saber que ele tem outra; e Laura, mulher de meia idade que se aproveita da carência, da solidão e da desesperada embriaguez de Cabral e, numa noite de bebedeira, leva-o para a cama.No universo ficcional do diretor/autor Domingos Oliveira, as relações que os personagens estabelecem com o mundo e entre eles mesmos se baseiam nas paixões, e na falta de controle sobre elas. Inspirados pela paisagem de uma cidade que a cada fotograma é vista com olhos de amante, os artistas e intelectuais que protagonizam as crônicas urbanas que o diretor cria, seja no cinema ou no teatro, trazem uma intensidade amorosa que, em maior ou menor grau, sempre se corresponde no outro. No núcleo de amigos/amantes das tramas do diretor, casais se formam, se desfazem e voltam a se formar, numa ciranda explicada unicamente pela natureza humana. "A fidelidade é uma utopia", diz alguém. Ou "Melhor me arrepender de ter feito do que de não ter". E o arrependimento fatalmente vem, trazendo a dor e a transformação do ser esfuziante em patético, que grita, chora e se ajoelha aos pés do ser amado buscando redenção.É dessa maneira que Domingos exerce sua profissão de fé no ser humano. É através de uma visão romântica, fundamentada numa espécie de trinômio erro-acerto-enriquecimento, que ele exibe a beleza que teve a sorte de encontrar naqueles que o cercam. Reais ou imaginários, amigos ou personagens da literatura, é na distância do braço que ele vai buscar matéria prima. Junte-se um insuperável talento com diálogos, que o faz amontoar frases impagáveis de um fôlego só; uma sensibilidade narrativa capaz de gerar seqüências como o rápido e belo "flash back" contando a história do casal (com cenas de arquivo dos protagonistas), ou o poema a que o próprio autor ateia fogo, numa fotografia estourada criando um bonito efeito, ou ainda a deliciosa briga entre Cabral e Diego no Baixo Gávea, onde a câmera oscilante parece tão bêbada quanto o protagonista. Separações, como o filme anterior de Domingos Oliveira (Amores, de 1996), nasceu de uma peça de mesmo nome. A transposição para a tela, repetindo o elenco dos palcos, deu mais ritmo e beleza a um texto que pecava pelo excesso de verborragia. Mesmo o filme se excede, principalmente ao final, na febre em resolver todas as situações e deixar todo mundo feliz, e utilizando o recurso de Amores de colocar os atores narrando que fim levou cada personagem. O objetivo parece ser o de gerar maior intimidade com o público, como que criando uma conversa particular entre filme e espectador, mas o resultado acaba sendo o oposto, tornando-se artificial e servindo apenas para indicar que o final está chegando.Há que se destacar o elenco. Fora o sempre maravilhoso Domingos, carismático e engraçadíssimo em sua mistura de fragilidade, rabugice e ternura, há também a beleza de Priscilla Rozenbaum, esposa / parceira / colaboradora do diretor, que parece fazer questão de não dar bola para o passar do tempo e ser sempre bonita e talentosa a cada filme. Felizmente, em Separações o roteiro corrigiu uma falha do texto teatral, presenteando com melhores cenas e falas os demais personagens, que na peça se limitavam a servir de escada para Cabral. Ganharam maior destaque os personagens Glorinha e Ricardo, interpretado por um divertido Ricardo Kosowski. A lamentar o desempenho das duas atrizes mais jovens, Maria Ribeiro e Nandda Rocha, que parecem pouco à vontade em suas atuações. Destaque ainda para a trilha sonora, que na abertura brinda o espectador com Paulinho da Viola, e para a panorâmica do Parque Lage, cartão postal que já foi cenário de dois filmes antológicos do cinema brasileiro, Terra em Transe e Macunaíma. (Escrito em janeiro de 2003, quando do lançamento do filme no Rio de Janeiro.)



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