Fantasma No Espelho: Reflexões Do Self
(Elizabeth Tucker)
Nesta análise Junguiana de histórias de fantasmas em universidades, Elizabeth Tucker delineia razões sobre como e por que,histórias sobrenaturais se propagam num campus, particularmente o mito da Blood Mary (Maria Sangrenta, - que foi, inclusive, tema de um dos episódios de Ghost Whisperer), a mulher assassinada que aparece nos espelhos para aqueles que invocam seu nome. De acordo com Tucker, os dormitórios oferecem um ótimo espaço para fomentar essas lendas. Longos corredores e salas de aquecedores são definições estereotipadas de encontro com o sobrenatural, fazendo-nos lembrar das regiões mais escuras do subconsciente. Como as festas do pijama, comuns na adolescência, os estudantes que vão morar longe de casa pela primeira vez, em repúblicas, também estão em fase de transição, durante a qual limites e barreiras são testados. Histórias de fantasmas oferecem uma saída segura para esse tipo de exploração. Lendas sobre ex-alunos que cometeram suicídio, e seus espíritos errantes, costumam ser algumas das histórias mais contadas; e aparições destes espíritos ocorrem frequentemente em dormitórios de calouros. Na psicologia Junguiana, a chegada da idade requer uma morte e renascimento simbólicos, que a sociedade moderna nem sempre oferece. Pelo fato de os universitários ficarem sob uma grande dose de estress, sobremaneira quando chegam as provas finais, o receio de tentativas de suicídio aumenta. Através de aparições de fantasmas e suas histórias, os alunos podem ter uma experiência simbólica de quase morte, sem realmente tentarem algo perigoso. Além das situações de morte e renascimento simbólicos serem cruciais para a formação da identidade dos estudantes universitários, aspectos mais sombrios da personalidade devem também ser abordados. É aí que entram em ação as lendas da Bloody Mary, ou fantasma do espelho. Muitas vezes, o rosto no espelho, visto pelos estudantes, é um fantasma do sexo oposto. Em termos Junguianos, este fantasma do sexo oposto pode representar a anima (atributos femininos presentes nos homens) ou o animus (o aspecto masculino nas mulheres). Flertar com nossos Eus proibidos e chegar a um acordo com eles, através das encenações de histórias de fantasmas é, ainda, uma outra maneira, recém-liberada, de os alunos lidarem com os aspectos ocultos da personalidade. Questões de raça e envelhecimento também podem tratar de aparições de raças diferente ou significativamente mais velhas do que o observador, se a teoria for extrapolada. Como a faculdade oferece um ambiente para jovens se voltarem para si mesmos, faz todo sentido que estudantes se voltem para rituais seguros da adolescência, para lidar com emergentes questões de identidade. Este artigo foi originalmente publicado no O Jornal de Folclore Americano, edição 118.469 (2005).
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