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Taxi Driver
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Drama urbano. Aos 26 anos, o insone ex-fuzileiro Travis Bickle vaga sem rumo pelas ruas de Nova York durante toda a noite. Consegue então um emprego como motorista de táxi, tornando-se conhecido entre os colegas por rodar por todos os pontos da a cidade, inclusive os mais violentos, e por falar pouco. Cada vez mais incomodado com aquilo que chama de "lixo do mundo" (as prostitutas, os traficantes, os mendigos), com as frequentes idas a cinemas pornôs e, principalmente, com a solidão, Travis acredita ter encontrado o seu destino quando, ao passar por um comitê de campanha de Charles Palantine, candidato a presidência, vê a jovem assessora de imprensa Betsy, de quem se aproxima. Seu jeito meio grosseiro e ignorante, no entanto, estraga tudo, e o retorno à vida solitária da qual parecia ter escapado vai aumentando seu desconforto em relação ao mundo até que uma idéia fixa parece dar-lhe algum sentido à vida. Passando a fazer exercícios diários a fim de purificar o corpo, e comprando armas, Travis estabelece para si mesmo uma missão que pretende levar até o fim, ao mesmo tempo em que conhece Iris, criança de 12 anos de cuja vida entregue à prostituição ele promete tirar. Sua missão, no entanto, o levará, armado, até um comício de Palantine.
A princípio, tudo parece restringir-se à melancolia. A paisagem urbana noturna, observada por um olhar de espanto e desconfiança do protagonista, ganha um contorno suave com a música lindíssima de Bernard Herrmann. Uma beleza triste, remetendo diretamente à solidão e que se confirma ao espectador com a descoberta da insônia e do ritmo de vida do taxista. No entanto, a visão de um universo que se degrada, a falta de soluções e a impressão de que as coisas, se não pioram, assim permanecem e ninguém liga, só fazem crescer o mal-estar, e aquilo que Travis chama de "vontade de sair daqui" (não importando para onde, ou para quê, apenas sair).
Essa depressiva insatisfação, que talvez não tivesse maiores consequências, explode quando o último contato do protagonista com algo próximo da felicidade se rompe. Ao ser repelido por Betsy, Travis vê como que se partindo a sua tábua de salvação, e a dor daí surgida faz renascer uma vontade de reagir de alguma forma, e combater da única maneira que ele, ex-militar, conhece. É dor o que se vê acompanhando o treinamento, a busca por armas, a mudança no visual. E após a dor, é a redenção o que busca o personagem, na tentativa de salvar do "inferno" a menina prostituta. Travis quer purificar o mundo e, segundo ele mesmo sugere, quando conduz em seu veículo o candidato Palantine, isso não é possível de forma não violenta.
Contratado depois que os produtores viram seu filme anterior, Caminhos Perigosos, o diretor Martin Scorsese (antes dele, cogitou-se em entregar a direção a Brian DePalma) criou uma pequena obra-prima de angústia e crítica social, carregada de uma contundência raramente vista, e de uma inteligência que era comum no cinema social americano da década de 1970. Sem perder-se em discursos moralistas ou excessos narrativos, Scorsese conta sua história de maneira ao mesmo tempo fria e emocionada. Acompanha como num documentário a população das ruas, deixa que seus atores improvisem diante das câmeras (a clássica cena de Robert DeNiro diante do espelho, dizendo "Está falando comigo?", foi um desses improvisos), e com sutis movimentos de câmera impõe a dramaticidade que a trama exige. Em entrevista, Scorsese (que faz duas participações diante das câmeras: sentado durante um comício, e substituindo um ator que não compareceu às filmagens, como o passageiro traído pela esposa, no banco de trás do táxi) disse considerar a última conversa telefônica entre Travis e Betsy como o momento fundamental de Taxi Driver. Naquele instante, em que ela rompe o relacionamento que sequer começou, a câmera vai se afastando lentamente até se fixar num longo corredor vazio, fugindo de um diálogo por demais doloroso. É em detalhes como este, ou como no close do comprimido efervescente, ou ainda na discreta repetição (de cenários, da música) da rotina do taxista, que se vê a consciência do pretendido, e a segurança do realizado.
Do elenco, pouco (ou nada) há que ainda não se tenha dito. Robert DeNiro, impressionante, entrega-se de corpo e alma ao papel, numa preparação que incluiu o trabalho real como taxista e a visita a centros de doentes mentais para criar um Travis Bickle que pode tanto parecer manso quanto uma bomba prestes a explodir. Também Harvey Keitel e a menina Jodie Foster fizeram laboratório: ele, para compôr o cafetão Matt passou uns tempos no mundo da prostituição (sua cena, aliás, em que dança com Iris, foi também improvisada); e ela perambulou pelas ruas com uma prostituta. Foi seu desempenho nesse filme que inspirou um maluco a tentar matar o presidente Ronald Reagan.



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