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Narcisismo
(Jeremy Holmes)

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“O narcisismo começa nos espelhos - no espelho que é a mãe, cujos olhos cintilantes e sorriso receptivo refletem o encanto pelo filho; o “salão dos espelhos” sedutores mas claustrofóbicos dos pais superprotetores; o espelho frio e sem vida que o suicida encara num banheiro vazio; a lâmina de água que se desfaz em milhares de formas quando Narciso, em vão, se aproxima para tocar o seu reflexo.”

Este trecho inicial do livro “Narcisismo”, do psiquiatra e psicoterapeuta inglês Jeremy Holmes, sintetiza de forma bastante satisfatória o narcisismo positivo e o negativo. No primeiro caso, em que o bebê é percebido e bem acolhido pela mãe ou cuidador (objeto primário) garante-se a passagem às demais fases do desenvolvimento normal do eu (ego).

Já, nas descrições seguintes sobre o “espelho” armadilha, abandono, despedaçamento, o autor refere-se às falhas que podem ocorrer nesta fase do desenvolvimento, gerando feridas narcísicas, com conseqüências ao longo da vida do sujeito. A distorção ou até a impossibilidade de refletir a própria imagem no espelho insuficiente (desconsideração e/ou abuso dos pais) poderá se revelar na baixa autoestima e em comportamentos agressivos/defensivos em relação a si e aos outros.

Exemplos disso são sentimentos intensos de vazio e falta de sentido, que levam à depressão profunda e a partir daí a outras patologias autodestrutivas, como a drogadição e outros relacionamentos nocivos. Para ilustrar o narcisismo negativo, que preenche a maior parte das 80 páginas do livro, o autor analisa o mito de Narciso (o narcisismo inconsciente, esquivo) e Eco (narcisismo hipervigilante, ambivalente), e o romance “O retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde.

Narciso é despedaçado pela raiva da mãe, mais preocupada com o marido traidor do que com o filho. Procura no lago/espelho a recomposição, a integração de seus pedaços. Nada mais o interessa, só a própria imagem que, refletida na água, o engana e afoga, matando-o. Narciso vira uma flor de vida efêmera.

Já Eco, a “ecóica” (egóica), egoísta e ensimesmada, representa o esforço do ego pela integração, para superar o sentimento de separação (despedaçamento, fragilização) de si. Eco não tem palavras próprias, apenas repete o que os outros disseram - e os faz escutar repetidamente o que talvez lhes seja insuportável. Portanto, impossível um amor entre estes dois, sem o sentido original de pertencimento de si.    

Dorian, que significa garoto de ouro, leva à reboque a alma Gray (Grey): cinzenta, grisalha, sombria. Ele reflete a imagem do eterno jovem aos outros, e é desmascarado por seu retrato envelhecido e envilecido, um espelho sem aço, como a frágil estrutura de um ego muito ferido narcisicamente.       

Interessante é que nos três casos, de Narciso, de Eco e de Dorian Gray, há o incessante apelo (se não a imposição) ao olhar e à escuta do outro, como se demandassem o bom e atento espelho primordial o tempo todo, justamente porque nunca o tiveram ou foi falho. Algo muito parecido com a demanda cada vez maior, hoje, pelos 15 minutos de fama - ou o contentamento efêmero, por bem menos tempo do que isso.

O livro termina com uma apresentação das diversas abordagens terapêuticas que podem ajudar a diminuir a solidão característica do narcisismo, diz o autor.  



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