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Amor é fogo
(Luís Vaz de Camões)

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  O amor é fogo?
 
O poema "Amor é fogo" foi escrito pelo poeta português Luís Vaz de Camões, no século XVI, durante um período que se convencionou chamar de Classicismo e que foi contemporâneo ao Renascimento. Ele se apresenta na forma de um soneto, forma fixa de poesia surgida na Itália e introduzida em Portugal por Sá de Miranda, quando este retornara da viagem que fizera à terra de Dante Alighieri.
Quanto à forma
 
O texto se apresenta na forma fixa de poesia chamada de soneto. Este é composto por catorze versos decassílabos (versos com dez sílabas métricas, ou poéticas, as quais não devem ser confundidas com sílabas gramaticais), distribuídos em dois quartetos (estrofes com quatro versos) e dois tercetos (três versos). A contagem das sílabas métricas obedece a duas regras. Veja:
 
Regra 1 – A contagem das sílabas métricas é feita até a sílaba tônica da última palavra do verso, desprezando-se, portanto, aquelas que sobrarem, quando for o caso.
 
Regra 2 – Marca-se todas as palavras do verso que se iniciam por vogal. Se a palavra anterior também terminar por vogal e esta for átona, a sílaba final (da palavra anterior) e sílaba inicial da palavra seguinte deverão ser contadas como uma só sílaba métrica; se a palavra anterior terminar por uma vogal tônica, esta regra não se aplicará. Exemplos:
 
A/mor/ é/ fo/go/ que ar/de/ sem/ se/ ver/,
 
É/ ser/vir/ a/ quem/ ven/ce, o/ ven/ce/dor
 
No que diz respeito à forma, podemos observar ainda um esquema de rimas que foi intencionalmente construído pelo poeta. Tal esquema é facilmente visualizado adotando-se o seguinte procedimento: para cada terminação de verso dá-se um nome com uma letra do alfabeto, começando-se pela letra A e mudando-se o nome das outras terminações de acordo com a próxima letra. Quando um som se repete, a letra também é repetida. Assim, o poema em questão apresenta o esquema de rimas “ABBA-ABBA-CDC-DCD”.
 
Quanto aos recursos
 
Este poema é riquíssimo em recursos expressivos da linguagem, principalmente no que se refere às figuras de linguagem. Eis algumas delas:
-                     Metáfora: esta é a figura por meio da qual são aproximados dois termos que não têm relação nenhuma de significado, mas que se aproximam por uma ou mais características em comum, o que permite dizer que “um é o outro”. Observe os casos: “Amor é fogo” (O amor é ardente, consome aquele que é dominado por ele e pode machucar; o fogo também apresenta essas características); “Amor é ferida” (tanto um como o outro pode deixar cicatrizes); ou ainda “Amor é um contentamento” (o primeiro e o segundo caracterizam-se por proporcionar ao indivíduo um estado de felicidade).
-                     Antítese: toda vez que se estabelece uma relação entre palavras ou ideias contrárias, dizemos que ocorre uma antítese, figura facilmente identificada. Eis um caso: [Amor] “é um contentamento descontente”.
-                     Paradoxo: esta figura é muito parecida com a antítese, pois também estabelece relação entre ideias contrárias, porém, com uma diferença: a segunda ideia contradiz a primeira, o que provoca no leitor uma necessidade de refletir sobre tal relação. Observe o verso: “é ferida que dói, e não se sente” (Reflita sobre o verso e tente responder as duas perguntas: Se o amor é ferida que dói, como é possível não sentir [a dor]? Se não se sente [a dor], como é possível a “ferida doer”?).
-                     Anáfora: dos catorze versos que compõem o poema, dez iniciam-se com a palavra “é”. Este procedimento é chamado de anáfora, a qual é facilmente identificada nos textos. Observe que esta repetição não constitui um erro, pois foi intencional, talvez para reforçar a tentativa de explicar o que “é” o amor.
-                     Inversão: esta figura é também chamada de hipérbato e ocorre quando construímos uma oração invertendo a ordem dos seus termos, ou seja, em vez de escrevermos seguindo a ordem direta (Sujeito+Verbo+Complemento), organizamos a oração numa ordem diferente. Os três versos da última estrofe formam um exemplo muito interessante desta figura. Um exercício bastante curioso é reescrever esta estrofe na ordem direta. Tente fazê-lo no espaço destinado aos comentários.
 
Quanto ao conteúdo
 
Parece claro que, ao escrever este poema, Camões tentou explicar o que é o amor. Observava-se, no entanto, que, ao fazer isso, não se deixou envolver emocionalmente com tema, pois não há nenhuma indicação no texto de que ele estivesse falando dos próprios sentimentos. Esta é a característica chamada de racionalismo, própria do Classicismo. É interessante notar que o envolvimento emocional, que não acontece por parte do autor, fica a cargo do leitor, que consegue sempre se enxergar em um ou mais versos do poema, de acordo com suas experiências pessoais. Mais interessante ainda é o fato de que, mesmo escrito em Portugal, no século XVI, o poema atinge boa parte dos leitores de nossa época e, é possível dizer, continuará atingindo leitores de épocas futuras. Esta é uma característica chamada de universalismo: o conteúdo do texto aplica-se a qualquer pessoa, de qualquer lugar e em qualquer época.
Para finalizar, sugiro a leitura e a reflexão sobre o verso que, ao meu ver, é muito intrigante: [Amor] “é servir a quem vence, o vencedor”. O que será que Camões quis dizer com esse verso? Que recurso expressivo ele usou? Como nós, leitores, podemos nos enxergar nesse verso? Reflita, tente responder as perguntas e deixe seu comentário.
 
 



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