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Mar MORTO
(JORGE AMADO)

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Mar Morto
A noite se antecipou. Os homens ainda não esperavam a tempestade quando ela desabou sobre a cidade em nuvens carregadas. Ela veio com fúria e lavou o cais. Nessa noite- pensa Lívia -Judith não terá amor na sua casinha, nem no saveiro do seu marido. Jacques, o filho de Raimundo, morrera. Do quarto vêm os soluços de Judith, ela ficou com um filho na barriga.
O velho Francisco conhecedor dos mares conta suas histórias, inclusive do dia em que viu Iemanjá.
Rosa Palmeirão é um nome que soa bem aos ouvidos da gente do cais. Contam muitas histórias dessa mulata. Os homens do cais, que a conhecem, gostam dela e nenhum lhe nega fogo para seu cachimbo e um largo aperto de Mão. E junto de Rosa Palmeirão ninguém conta valentia.
Ninguém no cais tem um nome só, somente Iemanjá tem cinco nomes. Ela se chama Iemanjá, sempre foi chamada assim e esse é seu verdadeiro nome, de dona das águas, de senhora dos oceanos. No entanto os canoeiros amam chamá-la de Dona Janaína, e os pretos, que são seus filhos mais, que dançam para ela e mais que todos a temem, a chamam de Inaê, com devoção ou fazem súplicas à Princesa de Aiocá, rainha dessas terras misteriosas que se escondem na linha azul que as separa das outras terras. Porém, as mulheres do cais, a tratam de Dona Maria, que Maria é um nome bonito, é mesmo o mais bonito de todos.
Com a aproximação da festa de Iemanjá, Guma irá neste dia pedir a sua mulher. Seis meses de um desejo intenso de Guma possui Lívia. Ele a vira logo que chegara naquele dia de Santo Amaro Os tios disseram que matavam, que faziam e aconteciam. Rodolfo acabou acalmando os tios.
Meses maus para o cais. Os saveiros poucas viagens faziam. Guma se movimentava, levava as cargas que apareciam. Lívia quase sempre o acompanhava. Lívia muitas vezes chora, por isso mesmo gostou quando Esmeralda, amásia de Rufino veio morar junto dela.
A lua cheia que alveja no céu, escuta a canção de Rufino. Olhou para Esmeralda. Rufino falava com tristeza, não havia ódio na sua voz. – Você me enganou com um marinheiro do “Miranda”. Esmeralda sente a morte e revela que também se envolveu numa noite com Guma. O coração de Rufino estava triste, ele abre a cabeça de Esmeralda com um remo e depois se joga ao mar.
Chamaram o dr. Rodrigo. Guma tinha um ferimento na cabeça. Mas quando o médico chegou, atendeu primeiro Lívia, que com o susto adiantara o nascimento do filho.
Toufick, o árabe sofreu um grande abalo com a fuga de Xavier. Um navio estaria dentro de cinco dias com um carregamento grande de sedas de contrabando. Ele soube do caso da véspera, do empréstimo feito a Guma, da quase venda do “Paquete Voador”. Explicou a Guma o negócio do contrabando, os riscos e também as vantagens, pois com o trabalho ele poderia pagar o saveiro em dois ou três meses. Guma pensava. Faria aquilo uma ou duas vezes. Pagaria o barco, daria o fora. Guma resolveu aceitar.
Pela primeira vez Guma ia pegar um temporal na passagem de contrabando. Pouco adiante os arrecifes cobertos de água. O Saveiro virou como se fosse um brinquedo na mão do mar. Os tubarões vieram de alguma parte. Guma viu Toufick se debatendo. Pegou o árabe pelo braço, e jogou nas suas costas. E nadou para o cais. Já vinha cansado, e chega a tempo de ver Antônio ainda seguro no casco do saveiro que está virado, parecendo o corpo de uma baleia. Pega o rapaz pelos cabelos e recomeça a travessia. O mar o impede. Os tubarões que já devoraram Haddad vêm em seu rastro. Mas a rabanada do tubarão o obriga a voltar-se, a faca na mão. E luta ainda fere um, o sangue se espalha na água revolta. Os tubarões o levam para junto do casco emborcado do “Paquete Voador”.
Lívia de braços fechados no peito. O seu homem estava longe, morto no mar. Não veria o cadáver de Guma que os homens cansaram de procurar. Lívia olha o mar morto de águas de chumbo. Mar Morto que não reflete as estrelas nas águas pesadas. Só Lívia tem o corpo frio e frio o coração. Para Lívia a noite continua, a noite sem estrelas do mar morto.
Os saveiros saem. Parece um homem em cima do “Paquete Voador”. Mas é Lívia. Mara Clara canta uma canção do cais. Mestre Manuel vai abrindo o caminho, olha para trás para ver como Lívia se arranja. Rosa Palmeirão vai ao leme. Lívia suspendeu as velas com suas mãos de mulher.Ela pensa que na outra viagem trará seu filho, o destino dele é o mar, assim como foi o de seu pai Guma.



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