A biblioteca sagrada. Alexandria
(Luciano Canfora)
Quando se pensa em Alexandria, logo vem à mente a lendária Biblioteca de Alexandria. É lenda, pois não se sabe ao certo se existiu. Isso é o que nos ensina Luciano Canfora, em “A biblioteca sagrada” (A biblioteca desaparecida: histórias da Biblioteca de Alexandria. Tradução Federico Carotti. 3. reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. cap. 2, p. 13-16), inclusive com a fictícia ideia de que, ao encontrar a entrada do Mausoléu de Ramsés, se chegaria à Biblioteca de Alexandria, que pretendia ser então o depósito de todo o conhecimento produzido pela humanidade até seu tempo, como pretende hoje a Biblioteca do Congresso Americano (e o Google ou a internet como um todo).Provavelmente, o que se tem como a Biblioteca de Alexandria se tratava de um mausoléu com uma biblioteca (ou acervo do Faraó com todo o conhecimento da humanidade até então). Assim, Hecateu relatou terem lhe ensinado o complexo caminho que levava até o sarcófago de Ramsés. E Luciano Canfora nos oferece esse relato: após a entrada do mausoléu, existia a biblioteca sagrada, por sobre a qual se inscrevia o texto “Lugar de cura da alma”. Isso e muito mais foi contado por Hecateu em um texto semirromanesco, chamado Histórias do Egito, que escrevera no final de sua jornada. Como não logrou chegar até nós, como nos informa Luciana Canfora, devemos nos satisfazer com o que foi repassado por Diodoro, que nos diz que Hecateu misturou o antigo e o moderno, colocando na mesma dimensão a antiga sociedade egípcia e a nova representação ptolomaica. Finalmente, o visitante atento que ali chegasse ficaria desiludido: não acharia a biblioteca.
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