Guerra no Rio de Janeiro
(Gilberto Pessoa)
No ano de 1978 ainda estudante de jornalismo, trabalhei como estagiário no jornal A Gazeta de Notícias com dois considerados os maiores repórteres da época: Osmar Flores e Oscar Cardoso. Eram os meus chefes de redação. No jornal O Povo, trabalhei com o excelente Amado Ribeiro, repórter de polícia incomparável. Depois, na Rádio Continental, aprendi muito com o Elifas Levi e Selma Smith, jornalistas competente e, acima de tudo, amigos profissionais.
Durante este período que compreende o final da década de 70, a formatura em 84 e até 1990, trabalhei em diversos outros órgãos de comunicação com excelentes profissionais, dentre eles o famoso Pereirinha, Natalício Cardoso, Glória Maria, J. Paulo. Alguns como colega de redação, outros em pleno front de trabalho nos morros e favelas cobrindo as “guerras” contra o tráfico e a violência que iniciava o embrionário crime organizado.
Nesta época de aprendizado lembro que Oscar Cardoso e Amado Ribeiro lembrando reportagens memoráveis em papos de redação falavam o seguinte: “No dia que o pessoal do morro descer para o asfalto isso aqui vai virar um caos”.
Referiam-se ao fato de – já naquela época embrionária do Comando Vermelho -, os marginais enfrentarem as forças policiais em plena cidade. Faziam alusão, também, ao efetivo policial em desvantagens.
A interrogação que dominava a cabeça dos jornalistas que faziam cobertura policial era a seguinte: - Como isto vai ficar daqui a 10 anos se esses bandidos realmente se organizarem?
O fato de os presos políticos da época da ditadura terem sido companheiros de presos comuns nos presídios da Ilha Grande, Frei Caneca e Água Santa, era sempre comentado porque era visível a mudança de comportamento dos bandidos chefiados por cabeleira, o gordo e Escadinha.
A fase do roubo de carro, lojas comerciais e/ou assaltos à mão armada por bandidos comandados, por exemplo, pelo temível Cara de Cavalo, já estava no passado.
Com a nova técnica e organização em suas operações criminosas os bandidos do morro iniciaram assaltos a bancos em série com o firme propósito de se capitalizarem para compra de mais armamento. Foi o pulo do gato!
Desde então o crime organizado só progrediu e, por incrível que pareça, com ajuda de políticos, direta ou indiretamente; com a ajuda da oligarquia viciada em drogas e a omissão do Poder Público.
Enquanto a Cortina de Ferro se desmanchava pela força da Perestroika (reestruturação) e da Glasnost (transparência); o Muro de Berlim ruía com a vitória da social democracia, o crime organizado carioca construía uma cortina de ferro com base no terror e com muros concretos da omissão e impunidade. Surgiram, assim, os Complexos do Alemão e da Penha, as favelas Rocinha, Jacarezinho, Mangueira, etc.
O Governo Sérgio Cabral sob a batuta do maestro da Segurança Pública, Mariano Beltrame, realiza trabalho que já deveria ter sido feito na década de 80 quando o crime começa a se organizar.
O antídoto para a competente vitória foi realmente a organização das forças de inteligência, militar, policial e federal que, conseqüentemente, foi aprovada pela população que deu o golpe de misericórdia através do disque denúncia.
Já foi inaugurada a 13ª UPP – Unidade de Polícia Pacificadora, os complexos de favelas da Penha e do Alemão já foram conquistados e, nos próximos meses também serão pacificados.
Sem dúvida é uma grande vitória social mas sabemos que ainda há muito por fazer. A sociedade espera dos políticos eleitos exatamente esta atitudes: o retorno satisfatório, o reconhecimento do voto em ações sociais e qualidade de vida, paz, comunhão e tolerância entre os povos.
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