Bibliotecas. A escrita e a civilização
(Frédéric Barbier)
Frédéric Barbier nos informa inicialmente sobre a importância da escrita no Mundo Antigo. Também nos indica que os mosteiros, em suas origens, serviam tanto como local de guarda e de preservação de documentos quanto de centro de produção e divulgação de novos materiais. A crítica textual teria nascido aí. Em seu “Bibliotecas” (História do livro. Tradução Valdir Heitor Barzotto et al. São Paulo: Paulistana, 2008. p. 41-7), Barbier aborda o “sonho de Alexandria”, no qual Ptolomeu I (323-280) concretiza o projeto que mescla ensino, estudo e formação de uma biblioteca, a qual deveria reunir todos os escritos disponíveis na Antiguidade. O objetivo dessa biblitoeca era o de garantir a preservação dos textos, auxiliar o labor intelectual, além de promover o legado cultural grego, em um cenário em que conviviam então diversas civilizações. Nesse sonho de Alexandria também se incluía a proposta de reunir as tradições estrangeiras, tornando Alexandria a capital mundial do saber. Nesse contexto, o uso do papel foi fundamental para o desenvolvimento da civilização, pelo menos no que se refere à fixação de sua memória. Mas o sonho acabou em 641, quando Alexandria foi dominada pelos árabes e as últimas marcas de sua biblioteca desapareceram. Em um segundo momento, Barbier aborda as bibliotecas romanas, que tinham suas principais coleções originadas de saques, resultantes de campanhas contra os territórios fenícios e gregos. O texto de Barbier é concluído com os três traços importantes que definiam o lugar do livro e das atividades a ele ligadas na Roma antiga. Em primeiro lugar, a relevância dos processos de transferência cultural do Mediterrâneo oriental, principalmente a Grécia e o mundo helênico. Em segundo lugar, o papel das bibliotecas particulares, simultaneamente local de trabalho e de relacionamentos sociais, além de simbolizar status e distinção. Em terceiro lugar, a permanência do livro como um objeto precioso, raro e investido de um valor econômico, o que denota já em Roma a presença da bibliofilia.
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