A Cidade Antiga
(Fustel de Coulanges)
A obra A Cidade Antiga, escrita pelo historiador francês Fustel de Coulanges em 1864 é um estudo sobre a civilização greco-romana. Nela, o autor analisa as características e transformações pela qual passou a religião, costumes, política e instituições do mundo antigo, desde o seu florescimento até sua queda.
Em toda casa de grego ou de romano havia um altar, sobre o qual ficava o fogo sagrado. Este não deveria nunca se extinguir, pois, caso contrário, grande desgraça recairia sobre a casa. O fogo sagrado representava os antepassados.
Ao contrário dos dias atuais, a religião antiga não era pública. Cada família possuía os seus deuses protetores, e estes só podiam ser adorados por ela. A religião era estritamente doméstica e só se transmitia na linhagem masculina.
A autoridade na família era exercida pelo pai, mais conhecido como pater. No seio da família ele era o pontífice, o magistrado. Era quem realizava os ritos sagrados e quem julgava. Nenhuma autoridade estava acima da sua.
“A religião doméstica proibia que duas famílias se misturassem e se confundissem. Mas era possível que muitas famílias, sem abrir mão da sua religião particular, se unissem, pelo menos para celebrar outro culto que lhes fosse comum.” (p.128) Foi o que ocorreu. Algumas famílias se uniram e formaram um grupo que a língua grega chamou de fratria e a latina, de cúria. Assim como a família, esse grupo possuía suas divindades, seu altar e seu culto. “A associação continuou naturalmente a crescer, sempre segundo o mesmo modelo. Diversas cúrias ou fratrias se agruparam, formando a tribo.” (p.130) Seguindo esses agrupamentos diversas tribos se associaram formando as cidades. “Assim, a cidade não é um agregado de indivíduos, mas uma confederação de vários grupos previamente constituídos e que ela deixa subsistir.” (p.139)
Da mesma forma que a família possuía os seus deuses penates, também as cidades possuíam os seus deuses protetores.
A lei surgiu naturalmente como parte da religião. “Nasceu como consequência direta e necessária da crença; era a própria religião aplicada às relações entre os homens.” (p.208) O verdadeiro legislador não era, pois, o homem, mas a crença religiosa que reside neste. Não se revogavam as leis por acreditarem que estas possuíam origem divina. “Podiam se fazer leis novas, mas as antigas subsistiam sempre, por mais contradição que houvesse.” (p.209)
Esta sociedade tão solidamente constituída também vivenciou uma série de revoluções. Tais revoluções foram devidas, principalmente, à extrema desigualdade de classes que havia nestas civilizações. Outro fator que também contribuiu para as revoluções foi a transformação operada nas idéias. Estas mudanças no modo de pensar fizeram esmorecer as antigas crenças nas quais se fundamentava a sociedade do mundo antigo.
Na segunda revolução as instituições dessa sociedade começam a enfraquecer. Aos poucos as regras da indivisibilidade foram abandonadas. O direito de primogenitura desapareceu. A clientela também consegue, com o tempo, se libertar dos seus patronos.
Assim como a sociedade, o direito também se modifica. Nos novos códigos que surgiram, a lei não é mais tida como uma obra divina, mas sim como fruto da vontade e necessidade humana. “Por ser obra humana, entende-se passível de alteração.” (p.333)
O velho regime desapareceu, levando consigo suas instituições, crenças e regras. O governo, que antes se baseava na religião, adotou como princípio do novo regime o interesse público. “O princípio regulador que daqui em diante sustenta e dá vida a todas as instituições, o único que é superior às vontades individuais e que pode obrigá-las a se submeter é o interesse público.” (p.343)
O cristianismo representa a ruptura final da sociedade antiga. “O temor aos deuses foi substituído pelo amor a Deus.” (p.414) Ou seja, ao invés do politeísmo característico da religião primitiva, o cristianismo apresenta ao homem um único Deus, o qual pode ser adorado por todos independente de classe ou cidade. É com esta nova religião que ocorre a separação definitiva entre a religião e a política.
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