Camisinha ou Condom...
(ODEMIR DE ARRUDA BARBOSA)
CAMISINHA OU CONDOM POR QUE SIM? POR QUE NÃO? CONTRACEPÇÃO E PREVENÇÃO DE DOENÇAS... PARTE I
Origem do termo condom / camisinha e sinonímias
Etimologia da palavra: sua etimologia parece mesmo vir do latim “condus” = receptáculo ou ainda do termo condere que quer dizer “esconder” ou “proteger”; no inglês condom. A expressão brasileira "camisa de vênus", atualmente fora de moda, é uma referência à Vênus, deusa romana do Amor (ou Afrodite, para os gregos). Daí, sua popularização como camisinha. Em Francês é conhecida como capote, e a rivalidade entre franceses e ingleses também foi parar nos preservativos. Os primeiros os chamaram de "capote anglaise" (capote inglês), na época em que usar camisinha era uma "frescura". Ofendidos, os ingleses contra-atacaram. Criaram a expressão "french disease" (doença francesa) para se referir a doenças sexualmente transmissíveis – DST. É oportuno destacar o nascimento do termo preservativo, esta expressão apareceu pela primeira vez nos anúncios das casas de prostituição de Paris, em 1780: "Nesta casa fabricam-se preservativos de alta segurança, bandagens e artigos de higiene." Ela foi logo substituída por uma expressão curiosa, redingote anglaise , que queria dizer "sobretudo inglês", o que equivaleria hoje ao termo já em desuso "camisa-de-vênus" ou mais intimamente falando, "camisinha". Na França, até hoje, capote é o nome mais usado para designar a camsinha. Já em Portugal os preservativos são chamados de “durex”, o que designa também o nome de uma grande empresa fabricante de preservativos.
A Camisinha e a Família – A visão da reprodução e a Igreja
Em meados do século 17, na Europa, surgiram as primeiras referências à camisinha como meio de evitar a gravidez. O objetivo principal não era o planejamento familiar, mas a diminuição do número de filhos ilegítimos. Apesar de nem sempre funcionarem, as camisinhas tiveram largo uso no século 18. Um dos que mais se beneficiaram delas foi o rei francês Luís XIV de Bourbon, que pôde se preocupar menos com as dores de cabeça causadas pelos filhos bastardos. Na chique corte de Versalhes, nos arredores de Paris, os preservativos não eram feitos de tripas de animais, mas de veludo ou seda. Enquanto isso, nas ruas parisienses, as camisinhas eram vendidas clandestinamente. O motivo era religioso: como hoje, a igreja católica pregava que o sexo deveria ser praticado entre marido e mulher e servir somente para a reprodução, mais controverso ainda ficou a posição do papa atual em relação ao preservativo, vale a pena conferir a obra “A luz do mundo, o Papa, a Igreja e os sinais dos tempos – Uma conversa com Bento XVI”, do jornalista alemão Peter Seewald.
Se em Paris a marcação sobre a camisinha era cerrada, em Londres as coisas eram mais liberais. Na metade do século 18, uma então célebre cafetina conhecida como miss Phillips passou a fabricar e vender camisinhas de tripa de carneiro para seus clientes. Outra senhora libertina, uma tal miss Perkins, copiou a idéia e abriu um estabelecimento semelhante. A disputa entre as duas incendiou o mercado do sexo, mas acabou indignando as autoridades londrinas, que proibiram a venda de camisinhas.
A polêmica a respeito da camisinha acabou envolvendo dois dos mais famosos devassos da Europa: em A Filosofia na Alcova, escrito em 1787, o marquês de Sade (Donatien Alphonse François de Sade – 1740-1814) recomendava o uso, no pênis, de sacos de pele animal. O objetivo era evitar as conseqüências indesejáveis das orgias. Mas, na mesma época em que o nobre francês fazia apologia da prevenção, a camisinha ganhava um inimigo inesperado. Giácomo Girolamo Casanova (1725-1798), lendário conquistador italiano, considerava o artefato incômodo demais. “Jamais me valerei de uma pele morta para provar que estou vivo”, teria dito ele. Mesmo assim, Casanova parece ter se rendido à necessidade da camisinha. Depois de pegar sífilis pela 11ª vez, claro.
Na França, a legalização veio com a Revolução Francesa, quando surgiu uma loja parisiense especializada em camisinhas. Os clientes, cavalheiros de variados países, passavam por alguns constrangimentos. Como os preservativos eram costurados sob medida, os homens precisavam ser convencidos pelos vendedores a levar o tamanho apropriado, sem exagerar.
No fim do século 18, as camisinhas continuavam proibidas na Inglaterra. Mas, em 1798, o economista britânico Thomas Robert Malthus (1766-1834) divulgou uma tese que gerou pavor: o crescimento da população seria sempre maior que o aumento da capacidade de produzir comida, o que levaria a humanidade à miséria. Como era pastor, Malthus defendia a abstinência para controlar a natalidade. Mas, inspiradas por ele, as autoridades britânicas passaram a fazer vista grossa ao uso dos preservativos.
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