A OBRA DE ARTE NA ERA DE SUA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA
(Walter Benjamin)
Em sua essência a obra de arte é reprodutível, algo intrínseco a ela. A “imitação” caracteriza esse caráter. A primeira forma de reprodução é a xilogravura, a qual se concretiza na madeira. Em seguida, em um panorama histórico, surge a calcografia baseada na inscrição em metais e só então a litografia (do grego lithos pedra/ graféin= escrita).
Esses processos permitem ao âmbito das artes gráficas atingirem um número maior de expectadores, ilustrando a vida cotidiana e se equiparando a imprensa. Surge então, a fotografia que acelera ainda mais a divulgação das imagens. É interessante citar o próprio autor do texto nesse ponto; “Se o jornal ilustrado estava contido virtualmente na litografia, o cinema falado estava contido virtualmente na fotografia”
Ao indagarmos a autenticidade de uma reprodução, por mais perfeita que esteja já perdeu o momento único no qual a obra original foi concebida. É exatamente nessa existência única que se desdobra a História da Arte. No entanto, é preciso ter em mente a distinção entre a reprodução manual (considera falsificação) e a reprodução técnica, a qual auxilia através da fotografia por exemplo a ampliação ou câmara lenta, impossível ao olho humano, para analisar e compreender ainda mais determinadas obras.
Para aprofundar a questão da autenticidade o autor aplica o conceito de Aura na obra ao leitor, ou seja, o cerne da obra, sua essência. Essa individualidade pode ser perdida a partir do momento em que a reprodução gera uma existência serial.
É importante salientar que obra de arte “surgiu” a partir de rituais, cultos. Podemos dividir a história da arte em dois pólos, nos quais estariam incluso o valor de culto e o valor de exposição da obra, ao relembrarmos o homem pré-histórico mais precisamente o homem paleolítico fazia as imagens dos bisões nas cavernas apenas para elas existirem ali como forma de ritual e não para serem vistas e apreciadas, logo, manter em segredo a obra a eleva ao valor de culto. A exposição das obras só vai existir à medida que elas se distanciam desse valor.
Chegamos à conclusão que em primeiro plano ficava a intenção de utilizar a obra como sendo instrumento mágico e em segundo plano como sendo obra especificamente de arte. Esse segundo plano em questão será explorado pelo cinema, pois, novas funções estão sendo atribuídas à arte.
Outro fator importante para o distanciamento do valor de culto na exposição daquilo que era um papel religioso é o advento da fotografia, mas não com tanta facilidade assim, pois, as primeiras fotografias faziam culto à saudade na forma de retratos. Meados de 1900, Arget começa a fotografar as ruas de Paris e com isso consegue se distanciar do valor em questão e atingir outros valores que instigam o observador, não querendo afirmar aqui que as obrar de cunho religioso não instiguem.
Os gregos tinham de certa forma por obrigação produzir valores eternos, com exceção das moedas que eram fabricadas em “padrões de série”, todas as demais obras eram únicas e eternas. O ideal de perfeição dos gregos é incomparável com o caráter de reprodução dos filmes, afinal, o cinema privilegia a quantidade reproduzida. A escultura, principal expoente da cultura grega entra em declínio, pois por serem feitas em um bloco só não permitem a reprodução.
Fica evidente que o ator não faz suas interpretações diante de um público e sim de um aparelho. É importante para o cinema ter o ator representando ele próprio, ou em outras palavras, é mais vantagem o ator possuir características do personagem do que ter que representá-las o tempo todo. Com o capitalismo em voga essa questão ficará em choque, pois esse capital estabelece os atores como estrelas, e para se comportar como tal acabam se tornando mercadorias.
Já o ator de teatro, com um público a ser tocado em sua frente, faz uso de toda sua capacidade e tem sempre uma atuação nova. Fica aqui a observação a qual afirma que “os maiores efeitos são alcançados quando os atores representam o menos possível”. Para isso é preciso escolher os atores pelo seu potencial e suas características. Dificilmente um ator de cinema será um ótimo ator em termos de interpretação teatral.
Em seguida vem a relação do cinema e a política, o objetivo central é o mesmo, mostrar em determinadas circunstâncias suas ações. No que diz respeito ao pintor e cinegrafista é preciso estabelecer a questão diferenciada de retratar a realidade, o pintor consegue de maneira subjetiva manipular a realidade ao passo que o cinegrafista retrata o real.
A crise da pintura começa com a contemplação das telas por várias pessoas, pois os pintores queriam apenas a contemplação por parte de um público mais selecionado geralmente trabalhando por encomenda. Logo, fotografia foi apenas um fator determinante.
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