Viagem ao Paraguay - Parte 2
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A minha direita um outro trouxe uma marmita de quentinha c/carne de porco e farofa. Ele a abriu e a comeu c/ muito apetite durante o início da viagem. O cheiro exalava pelo ônibus todo. Um mais a frente, que já havia se fartado no churrasquinho da esquina, “palitava” os dentes com um pedaço de plástico arrancado de uma sacolinha. A tia Isaura então mostrou a primeira utilidade de seu colchonete: ela o abriu no chão do ônibus, se achegou nos travesseiros e se cobriu dormindo muito rápido. Eu temia pela segurança dela e o que pudesse acontecer a alguém ali no chão do ônibus se houvesse 1 acidente.
Eu digitava no escurinho, discretamente uma mensagem a celular a um amigo tentando descrever a cena ímpar e o ocasião surpreendente do mundo em que eu havia adentrado. Bem ao certo eu não pensava que ia ser assim...
Pensava comigo: É.... Esse é esse mundo. Isso é como eles fazem, se eles podem, eu posso fazê-lo também, deixe de frescura e encare tal como ele é. Tente apenas agüentar o desconforto que será esta viagem e tente aprender alguma coisa.
Foram doze horas de viagem, ...E pude sentir cada hora . 2 paradas rápidas. Eu cheguei moída e não sentia mais as minhas pernas.
A chegada foi envolta em lindas paisagens de muitos campos arados com o milho crescendo e a névoa da manhã. Percebia-se que os dias a seguir seriam mto quentes.
O ônibus não fazia sua chegada na cidade de Foz do Iguaçu, cidade vizinha ao Paraguay. Ele deixava os passageiros num posto em uma cidade vizinha a Foz de Iguaçu e distante cerca de uns 25 km. Dali cada um tinha que se virar em encontrar 1 “carro”que o levasse para Foz e a seguir para Ciudad Del Leste.
A parada se situava perto de um comércio onde a fachada se apresentava como sendo 1 Salão de Beleza. E não era. Era a residência de uma moça, seu nome era Jan, que morava ali, e antes sim, tocava um salão no local, mas os muambeiros a convenceram a transformar o lugar num ponto de recepção, depósito e partida e de mercadorias contrabandeadas do Paraguay, que dali seguiriam com destino para SP ou outros estados; já que este local ficava na cidade de Santa Terezinha. O motivo disto era que todos os ônibus que saíam diretamente de dentro da cidade de Foz eram rastreados por satélite pela Polícia Federal, então ali era um ponto de escape e saída. A vizinhança da área também vivia do mesmo tipo de negócio. Faziam de suas casas particulares e negócios o depósito e saída de mercadorias de muambeiros. Tudo disfarçadamente.
No caminho desta viagem ouvi muitas histórias. Eu procurava conversar com um aqui e ali para me inteirar de como funcionava todo aquele esquema e poder garantir minha própria segurança ou saber como agir diante das situações que me fossem apresentadas. Mas o que eu ouvia sempre na maioria das vezes para mim era intrigante, surpreendente ou apavorante. Ex: Os possíveis assaltos na viagem: Houve uma viagem em que os muambeiros a caminho do Paraguay foram interceptados por bandidos que os fizeram tirar suas roupas, roubando-lhes o dinheiro e prendendo todos os passageiros nus embaixo no bagageiro do ônibus. (guardar minha pequena reserva de dinheiro do sutiã então não adiantava de nada...); o incrível é que o simples rapaz que possivelmente senta ao seu lado no ônibus, ou aquele lá atrás, ou o do lado, carregam com si sem mais nem menos $30-$40 mil dólares no bolso! Que pode ser dinheiro dele ou de outros para o qual ele presta o serviço de “freteiro” trazendo as “muambas” do Paraguay. Não se usa Cartões de crédito. Tudo é em “Cash”.
(continua na parte 3)
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