Viagem ao Paraguay - Parte 5
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Daí tínhamos que esperar as mercadorias naquele estacionamento onde guardamos nossas coisas serem passadas a noite através dos rios nos barcos. Algumas peruas-kombis chegavam durante a madrugada toda, com várias caixas. A tia não de aquietava, pois as caixas dela que no trato com um dos barqueiros e que deveriam passar primeiro não chegavam. Ela havia pago R$40,00 por caixa.
O dia quase amanhecia e nada das mercadorias. Os outros integrantes do ônibus da excursão que recebiam suas mercadorias já mexiam nas caixas reorganizando novamente o tamanho delas para que coubessem em carros de porte menor, como fiats e pálios. Outros carros muitos velhos deste tipo eram utilizados para fazer um segundo transporte dali daquele estacionamento para o local do “Salão de Beleza”, fora da cidade, em Santa Terezinha. Tudo era feito no escuro, com pequenas lanternas e celulares na calada da noite. O preço de cada viagem ao outro estacionamento custava R$150,00 e eles faziam um trajeto maior que passava fora das barreiras policiais, indo por dentro de estradas de terra, que passavam por dentro de grandes plantações de milho da região. Depois eu fiquei sabendo a razão de porque o uso de carros TÃO VELHOS para o transporte destas mercadorias. Quando a polícia pega você contrabandeando mercadorias , quem transporta comete um crime de tráfico e portanto, perde o carro. Quando esta mercadoria contém drogas, bebidas ou cigarros... as pessoas vão presas e é crime inafiançável.
Eu apenas observava o que acontecia. Fiquei asssutada quando alguém gritou que a polícia estava na área. Imagine... eles lá chegaram no portão, entre eles os muambeiros fizeram um “acerto” , um valor foi pago aos policiais e eles simplesmente saíram.
O dia amanheceu, as mercadorias da tia não chegaram e por conseqüência minha pequena sacola de coisas também não. Ele recebia então um telefonema do barqueiro que avisava que a mercadoria dela só passaria na próxima noite, pois os “federais”estavam vigiando o rio com barcos também.
Descobri algo sobre a diferença entre os policiais civis e federais. Os civis, são completamente corruptos. Eles só querem dinheiro, você paga e ele te deixa ir conforme o valor do que ele imagina ou vê que você carrega.
Os Policiais Federais na maioria não se corrompem pelos muambeiros que não alcançam na certa, o seu patamar de negociações ou valores. Eles não são corruptíveis pelo menos...acho, pelos muambeiros. Pegou, perdeu e em alguns casos é enquadrado na lei.
Tínhamos que esperar. Era domingo pela manhã. Naquele quartinho “VIP” eu me estiquei no colchonete da tia. Que noite. Nessa hora você não tem mais corpo. O comércio do Paraguay em em sua maioria fechava no domingo. A Tia pensava em ir até o “Salão”onde havia os outros acompanhantes conhecidos dela do ônibus, que já tinham em mãos suas mercadorias. Eu não desejava compartilhar de uma confraternização’` que na certa seria “churrasquinho e pagode” e muita conversa pavorosa a respeito dos perigos dessa viagem, os federais, muitos palavrões, etc.
Decidi que se eu tinha que ficar por ali então eu ia fazer meu dia melhor e me afastar um pouco daquelas pessoas. Eu desejava sair daquele meio e conseguir conhecer alguma coisa interessante com meus próprios olhos , quis ir até as Cataratas de Foz de Iguaçu. Mas para isso necessitava e gostaria de ter fotos de lá. Precisava de uma câmera. Voltei então, desta vez sozinha ao Paraguay, seguindo os mesmos caminhos anteriores, só que desta vez, O Paraguay estava deserto. Pouquíssimas lojas abriam, a rua dava medo de andar sem que eu olhasse a todo momento para trás naqueles becos. Cheguei num pé, comprei a câmera e saí no outro o mais rápido que pude de lá.
Peguei um Ônibus e fui visitar as Cataratas do Iguaçu. Levei uma hora e meia para chegar lá. Que maravilha. Vinte anos se passaram após eu ter visto esse lugar da ultima vez. A infra-estrutura turística que fizeram no lugar ganhou em qualidade e atendimento para um turismo internacional. Um portal turístico foi montado no lugar com restaurantes, lanchonetes, sanitários, informações, empresas de eco-turismo, enfermaria, lojas, guias, hotéis, somente os ônibus do parque levam os turistas até as cachoeiras, não há mais depredação e tudo é quase-perfeito.
(continua na parte 6)
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