Negritude e Literatura Negra
(Isaias Carvalho)
Negritude, como afrobrasilidade e afrobaianidade, estabece fronteiras e rasuras quanto a definições de etnicidade. A priori, considero como negro o universo de indivíduos que, nas estatísticas do IBGE, são apresentados como “pretos” e “pardos”, o que englobaria, dentre outros eufemismos e variações, as denominações de mulato e moreno, bem como miscigenações de matizes indígenas.
É também importante apontar que o termo “negritude” não deve ser confundido com o nome do movimento La Négritude, fundado em 1935 por Aimé Césaire, poeta, dramaturgo e político da Martinica, Léopold Sédar Senghor, poeta e primeiro presidente do Senegal, e Léon-Gontran Damas, poeta e deputado da Guiana Francesa. La Négritude foi um movimento amplamente político, ao mesmo tempo em que literário.
Por seu turno, Literatura Negra, segundo Sandro Ornellas, é a doação do epíteto “negra” ao que se tem chamado de “literatura”. É uma dessas atitudes carregadas de interesses confessáveis ou não. De fato, traz a revelação da existência, dinâmica e produtiva, de uma grande parte da população com direito de autorrepresentação e conquista de visibilidade sociocultural. Para que uma literatura negra se configure, portanto, é necessário que sejam valorizados autores geralmente postos à margem pela teoria e pela crítica nacionalista e/ou esteticista, que sejam revitalizados os autores e autoras negras do passado, que sejam buscadas referências renovadas na contemporaneidade e, num impulso radical, que sejam criadas possíveis conexões com escritores e escritoras estrangeiras também (ORNELLAS, 2003, online).
Referências
CARVALHO, Isaías Francisco de. Estrangeiro: Caetano Veloso como intelectual diaspórico. Anais do III Seminário de Língua Portuguesa e Ensino & I Colóquio de Linguística, Discurso e Identidade. Universidade Estadual de Santa Cruz, 2010. [Disponível no link abaixo]
ORNELLAS, Sandro. Literatura negra: uma brecha para a cidadania. Resenha do livro Negritude e literatura na América Latina, de Zilá Bernd (Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987). Disponível em: <http://www. verbo21.com.br/arquivo/32ltx5.htm>. Acesso em: out. 2003.
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