Roland Barthes e a noção de Texto
(Isaias Carvalho)
A noção de texto a que me refiro é delineada por uma das vozes e olhares mais influentes da segunda metade do século XX, em nome de uma postura transdisciplinar: é Roland Barthes (1998), que defende o “texto” como a seara em que as linguagens circulam sem que nenhuma leve vantagem sobre outra. Para Barthes, “o Texto é esse espaço social que não deixa nenhuma linguagem ao abrigo, exterior, nem nenhum sujeito de enunciação em situação de juiz, de mestre, de analista, de confessor, de decifrador” (BARTHES, 1998, p.78). Tem-se utilizado o termo “obra” mais largamente, mas essa idéia barthesiana de “texto” se contrapõe precisamente à noção de obra. Segundo Barthes (1998), a obra é um objeto computável ou uma porção do espaço dos livros, enquanto o texto é um campo metodológico.O texto não se baseia na hierarquia de gêneros, sendo sempre paradoxal. O texto remete à idéia de jogo – é “radicalmente simbólico... um sistema sem fim nem centro” (BARTHES, 1998, p.78). O texto não se presta a uma busca das filiações, origens ou essências, pois “ele próprio é o entretexto de outro texto” (BARTHES, 1998, p.78). O texto é impregnado do signo da travessia, assim como o texto pode especialmente atravessar a obra, várias obras. Isso implica o jogo ou o diálogo entre tradições e rupturas, bem como entre homenagens e protestos nas relações de encontros e trocas simbólicas realizadas em obras contemporâneas em relação ao que já se chamou de metrópole ou centro. Roland Barthes (1915 –
1980) foi um dos mais ativos intelectuais do século XX. Escritor, crítico
literário, semiólogo, sociólogo e filósofo, esse francês era integrante da
escola estruturalista, que teve origem e fundamento nas teorias linguísticas de
Ferdinand de Saussure. Entretanto, Roland Barthes
é reconhecido como um dos raros intelectuais a publicamente mudarem de caminho
teórico, pois partiu para considerações acerca do sujeito e da história, o que
lhe inclui na chamada escola pós-estruturalista.BARTHES, Roland. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: Editora Brasiliense, 1998.
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