Jornalismo de Dona Maria
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Esta reflexão é motivada por uma enxurrada de artigos de opinião publicados na mídia nos últimos dias, por conta do aumento dos salários dos deputados:
Não se deixe iludir, caro leitor, com críticos seletivos e rasos. Falar mal de políticos não é apenas uma moda que nunca sai de moda, mas sobretudo uma técnica para dispensar qualquer esforço mental para produzir uma crítica substancial. De resto, serve para o autor passar a impressão de ser um defensor (e praticante) da ética na vida pública e na vida privada. É uma espécie de "passaporte de bom-mocismo" que se auto outorgam certos colunistas assalariados e os veículos que os publicam e empregam.
Nada mais enganador, e para desmascarar a ambos, basta questionar se teriam coragem de fazer as mesmas críticas aos membros do Poder Judiciário. Teriam a ousadia e o desrespeito de comparar o salário de um ministro do STF (ou mesmo de um juiz de 1ª instância) com o michê de uma garota de programa, como fazem com o salário de parlamentares? Ou ousariam questionar os milhões de reais que faturam os diretores, por exemplo, de uma Ambev, para estimular a embriaguez do povão a matar milhares nas estradas anualmente?
Não, não se deixe enganar, leitor. Essas "críticas" com a profundidade de um pires não se enquadram na chamada atividade jornalística; são apenas a exteriorização do chamado "jeitão Dona Maria de ser". E você, leitor-consumidor, merece mais e tem o direito de exigir mais. Não perca de vista o seguinte: você está pagando, mesmo quando pensa que está recebendo de graça.
Ao contrário da falácia propagada pelos proprietários dos meios de comunicação, a programação da TV aberta, assim como a do rádio, não é gratuíta. Telespectadores e ouvintes pagam bastante caro pelos programas, filmes, telejornais etc. O pagamento é feito na modalidade indireta da propaganda. Só para ilustrar, quando alguém bebe uma cerveja está pagando por toda a propaganda exibida nas TVs, rádios, jornais, revistas, out-doors, internet etc etc etc.
Não custa lembrar, uma propaganda de 30 segundos no horário nobre da Rede Globo custa, em média, R$ 500 mil. Isto mesmo: quinhentos mil reais para exibir uma única vez um filme de 30 segundos mostrando um sujeito bebendo uma cerveja, rodeado de mulheres maravilhosas. Esse custo é coberto pela chamada "verba de marketing", que é embutida no preço que os consumidores pagam pelos produtos, seja uma cerveja, um pote de margarina, uma pasta de dente, um carro etc.
Portanto, é preciso exigir dos jornais/revistas, telejornais, rádios, sites etc mais do que "achismos", exaltação aos empresários e políticos aliados do veículo e bla,bla,bla de mesa de bar. Isso daí qualquer bêbado, militante ou dona de casa fazem de graça (e quase sempre com graça).
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