Resumo de Carta de um suicida -

Hoje é dia 24 de Dezembro, para mim um dos piores dias deste ano, após a morte da pessoa que mais amei na vida tudo que restou foi a saudade do que um dia foi algo de bom, mas hoje são apenas pedaços do espelho quebrado que ainda está espalhado pelo chão.
Acordar hoje pela manhã não foi fácil, acho que todos sabem, não acho que a maioria sente falta de algo no Natal, seja de alguns amigos que seguiram sua vida por um outro caminho, seja de entes queridos que se foram, seja dos amores perdidos e que por algum motivo sua lembrança sempre retorna nesta época, seja principalmente, pela falta que a infância faz, quando era menor não tinha que me preocupar com o que vestir, o que fazer para a ceia, com as pessoas que estariam presentes, tinha apenas que me preocupar se todos os amigos estariam na rua para podermos brincar até a hora de ir tomar banho e depois a noite continuar brincando agora não mais com a "biribinha" e sim com a temível "bombinha"!
Hoje olho para esta mesma rua e sinto refletida minha alma nela, uma rua morta, silenciosa, chorosa de saudades de um bom tempo que se foi e não volta mais. Queria poder voltar no tempo, as vezes me imagino dentro de um desses filmes onde é possível voltar ao passado e muda-lo, as vezes quero apenas voltar e poder reviver os melhores anos da minha vida.
Sei que hoje não tenho mais aquela amizade com as pessoas que um dia foram tão importante para mim, mais por ter me afastado do que pelo tempo ter passado, algumas das pessoas que mais gostava hoje não são nem sobram do que um dia foram, mas eu também mudei, sei lá! É uma época muito estranha, o natal sempre causa isso e o mais estranho é que parece que foi sempre assim, o que me deixa muito triste pois sei que não era uma época triste. As vezes parece que o "Cara" lá de cima ta me punindo por não ter ido tanto a igreja, outras parece que a culpa é minha por ter deixado que tudo mudasse, outras vezes sei que não tava nada nas minhas mãos e ele deu o livre arbítrio... Novamente sei lá.
É tudo muito dolorosa para mim, muito triste, tá pode dizer que eu to dramatizando, que tem pessoas em piores situações, mas acredite só sabe o quão ruim é aquele que passa pela situação, posso me compadecer, mas jamais poderei saber o que outros passam, sei o que eu passo e o que eu sinto e quanto é difícil.
Venho aqui unicamente para me despedir, para deixar no infinito virtual as palavras de saudades que sinto da minha avó, foi a pessoa que mais me fez feliz, mesmo quando ela não estava bem ainda sim sorria, o sorriso mais gostoso que já pude ver e ouvir e que as vezes ainda ouço mas infelizmente não vejo.
Me despedir de amigos do passado que as vezes com muito esforço consigo me lembrar da fisionomia, outras vezes das palavras que foram ditas, das brincadeiras nos dias de domingo.
Me despedir tardiamente da minha tia que foi minha segundo mãe, me acolheu e cuidou de mim, apesar de sempre fazer o maior ovo para meu primo e guardar todos os brigadeiros para ele que não quis participar da festa (risos).
Me despedir da minha vida, a qual desperdicei com horas de lamentações, dias enclausurado dentro do quarto esperando algo acontecer, meses sonhando com uma vida totalmente diferente e deixando de viver a minha vida.
Me despedir definitivamente da minha infância pois os últimos brinquedos foram entregues a doação, apesar de ter 26 anos ainda os guardava, uma infância que foi tão perfeita talvez por isso faça tanta falta.
Me despedir daquela pessoa que sempre foi carinhosa, cuidadosa, conhecida como bobinha mas como amiga, que preferia brincar ao invés de ficar conversando sentado na calçado se fazendo de gente grande, aquela pessoa simplista, que jamais quis crescer e que até tentou por um tempo ser assim mas acabou se rendendo ao tempo, me despeço por último de mim!
Kelly e Negão, jamais me esquecerei de vocês.
Adeus, adeus e adeus!

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