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Guy Debord E O Situacionismo
(Nelson Araújo)

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A postura revolucionária no quotidiano ocidental, tem sofrido grandes abalos. Devido, particularmente, ao crescimento económico que entorpece a consciência das massas, aparentemente satisfeitas com a melhoria material das suas vidas.
Pergunta-se, no entanto, se o ser humano é feliz, e vive em pleno a sua vida, o seu tempo?
Quando aparece alguém a pôr em causa o sistema dominante, torna-se urgente, para a ordem vigente, sinalizar esses indivíduos, e ainda bem…
Em termos gerais, as teorias de Debord atribuem a debilidade espiritual, tanto das esferas públicas, quanto da privada, a forças económicas que dominam a Europa após a modernização decorrente do final da segunda guerra.
Ele posiciona-se do outro lado da barricada, em relação ao capitalismo de estado do bloco socialista e, ao capitalismo do mercado ocidental, considerando-as as duas faces do mesmo
problema – a Alienação sentida pelas populações – atribuída por Debord às
forças do Espectáculo. Uma forma mercantilista de a classe burguesa dominar o
proletariado. “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições
modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de Espectáculos.
Tudo o que era directamente vivido, se afastou numa representação” (Tese 1 “A
Sociedade do Espectáculo”, Guy Debord).
Debord não se considerava um filósofo ou director, mas sim um estratega, um general. Ele exorta as massas a agir contra qualquer tipo de opressão do sistema. A insubmissão é a via indicada para destruir a ordem, “O nosso ofício é destruir o Mundo.” (“Enganar a Fome”, Guy Debord, Ed. Frenesi, Junho 2000).
“O Espectáculo – diz Debord – consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massas, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades,
actores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo
transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e
ousadia. O Espectáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma
sociedade que desenvolveu ao extremo o fetichismo da mercadoria”.
Desta maneira, as relações entre as pessoas transformam-se em imagens e Espectáculo. O Espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens, argumenta Debord.
O consumo e a imagem ocupam o lugar que antes era do diálogo pessoal, através da Tv. e outros meios de comunicação de massas, que produz o isolamento e a separação social entre os seres humanos.
A sociedade transforma-se numa sociedade do Espectáculo, onde a continua reprodução da cultura é feita pela proliferação de imagens e mensagens dos mais variados tipos. A consequência é
uma vida contemporânea exposta e invadida pelas imagens, operacionalizando um
novo tipo de experiência humana, caracterizada por um modo de percepção, no
qual é cada vez mais difícil separar a ficção da realidade. O Espectáculo é a
perda, a falsificação do Mundo, trata-se de uma experiência vivida pelos
outros, que reduz o carácter lúdico da vida.
Guy Debord assume uma postura de resistência ao Mundo completamente mercantilizado, mas sugere, contudo que uma outra forma de vida é possível. A exploração de um território desconhecido impõe-se, descolonizando o quotidiano e ocupar um espaço físico que possibilite
a construção experimental de uma nova realidade – para tal Debord preconiza
transformar a memória em real e o real em possível. Todos temos que dar o nosso contributo, transformando-nos em artistas da vida quotidiana.
Debord assume uma crítica radical contra qualquer tipo de imagem, que leve o homem à passividade e à aceitação dos valores preestabelecidos pelo capitalismo. Para este, a sociedade está
contaminada pelas imagens – sombras do que efectivamente existe, onde se torna
mais fácil ver e verificar a realidade no reino das imagens e não no plano da
própria realidade. “Lá onde o mundo real se converte em simples imagens, as
simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes de um
comportamento hipnótico.” (Tese 18 – “A Sociedade do Espectáculo, Guy Debord).
Debord sustenta que no plano das técnicas, a imagem construída e escolhida por outra pessoa tornou-se a principal ligação do indivíduo com o mundo que antes, ele olhava por si mesmo,
de cada lugar aonde pudesse ir. A partir de então, é evidente que a imagem é
possível justapor sem contradição qualquer. O fluxo de imagem carrega tudo:
outra pessoa comanda a seu bel-prazer esse resumo simplificado do mundo
sensível, escolhe aonde irá esse fluxo, e também o ritmo do que deve aí
manifestar-se, como perpetua surpresa arbitrária que não deixa nenhum tempo
para reflexão, tudo isso independe do que o Espectador possa entender ou pensar.
Para Debord nenhuma imagem é inocente, ela integra o contexto social; cada imagem é uma revelação, tem uma essência própria. Ele reconhece ao cinema um carácter messiânico (milagroso).
Utiliza-o como técnica operativa para intervir no presente. Trata-se para ele
de destruir os códigos a partir do seu interior, rompendo com toda a fascinação
espectacular e sistematicamente dissocia a imagem e o som, afirmando o primado
do pensamento sobre o visual, frequentemente graças a imagens ou a planos
subvertidos.
Debord apropria-se de material cinematográfico, descontextualizando e reconstextualizando num discurso próprio, criando condições de pensamento sobre as imagens. Através da montagem
cria imagens, dialécticas com carregada tensão dramática.



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