Metodologia das Ciências Sociais
(Rebelo Andrade)
O conhecimento é uma representação (representação esta que depende dos conceitos
que cada um possui)simplificada da realidade. Não sendo o conhecimento uma cópia da realidade, é fácil compreender que a realidade existe para além do conhecimento que temos dela. Para o
conhecimento científico progredir é necessário fazer pesquisa sobre a
realidade, porque o conhecimento científico vai intervir sobre ela.
Uma disciplina só é considerada ciência quando constrói o seu objecto próprio-
quando delimitando um conjunto de problemas solucionáveis, abandona as questões
cuja a abordagem se poderia fazer apenas no registo da filosofia, da religião
ou da ideologia, e se situa a um nível de abstracção e generalidade que lhe
permite alucidar regularidades, formular leis, construir modelos
interpretativos. Podemos dizer então que a Sociologia é uma ciência, entre
muitas coisas, por o seu objecto ser é a compreensão da vida social, ou a compreensão de diferentes dimensões ou segmentos dessa vida social; isto é, tentar compreender a vida social, a dinâmica social de forma aprofundada debruçando-se sobre as interacções sociais. A ciência
implica sempre um confronto entre as teorias e a realidade empírica/sensível,
por isso não existe nada de definitivo nas ciências. Sem teorias a realidade
científica seria um caos, o que leva a que estas tenham que ser comprovadas
através de instrumentos.
Como nos diz o texto de Berger, o Sociólogo é dotado de uma enorme curiosidade científica, “o homem que sente tentação de olharatravés de buracos de fechadura, ler correspondência alheia, abrir armários fechados”, para seleccionar determinadas dimensões de analise e para procurar
conhecer para além do que é aparente. Sendo o sociólogo um cientista é
necessário que o sociólogo tenha que usar uma determinada terminologia. Deste
modo, a Sociologia é também tentar procurar soluções para problemas. Para isso
elabora-se e testa-se os meios necessários: conjunto coerentes de conceitos e
relações entre os mesmos, as chamadas teorias, uma linguagem conceptual adequada, instrumentos técnicos de recolha e tratamento de informação, métodos de pesquisa. E desenvolve um complexo processo, em que vai construindo sistemas de relações conceptuais,
primeiramente assumidos hipoteticamente e logo submetidos a sucessivas provas
de validação.
O Sociólogo tem que adoptar uma posição crítica face a tudo. Sentido crítico com caracter
epistemologico, e ruptura com os obstáculos epistemológicos tendente à
construção da objectividade, isto é, para garantir a objectividade da produção
do conhecimento em Sociologia, será necessário ultrapassar os obstáculos
epistemológicos – naturalismo: razões naturais aplicadas a factos sociais;
individualismo: aplicar a um indivíduo a razão de ser de um facto; etnocentrismo: medir os outros pelos nossos próprios padrões- ou seja o investigador deve afastar as noções do senso comum,
a “ilusão da transparência” da realidade social, estabelecer um conjunto de
regras de observação que permitam que esta seja o mais objectiva possível
e, encarar o seu objecto de estudo da forma mais imparcial possível.
Peter Berger diz-nos que há uma diferença bem clara entre problema social e problema sociológico. De uma maneira geral, Os problemas sociais,
provém de um estado de tensão entre o esperado e o observável que se manifestam
num dado, num interior de uma sociedade ou de um grupo. São problemas dados
como oficiais pela sociedade, problemas estes que revelam que algo não funciona
do modo como supostamente deveria acontecer. São, assim, problemas surgidos no
quotidiano, que qualquer pessoas os sabe identificar. Os problemas sociológicos
são sempre a compreensão do que se passa em termos de interacção social, por
outras palavras, são uma interrogação à realidade. Estes problemas interrogam
os problemas sociais tendo em atenção a sua dimensão contextualizadora. Em
oposição aos problemas sociais que são provenientes do senso comum, os
problemas sociológicos são do foro científico.
Concluindo,Berger tenta na sua análise delimitar as dimensões da consciência sociológica,
que se resumem em: desmistificação, não- respeitabilidade e relativização.
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