“Podem Os Computadores Pensar?” 
(Blesser)
  
O mais consensual em Filosofia, Psicologia e Inteligência Artificial será
  então realçar as analogias entre o funcionamento do cérebro humano e o dos
  computadores digitais. Isto é, numa forma extrema, o cérebro equivale a um
  computador e a mente é um programa deste. No entanto, esta abordagem retira
  qualquer componente biológica da mente humana.
  
  De acordo com esta noção, o cérebro humano será nada mais do que um dos
  diversos tipos de computadores que dão suporte à inteligência humana. Qualquer
  objecto então, desde que programado correctamente teria uma mente. Há autores
  que defendem que um dia, os estudiosos da Inteligência Artificial irão
  conseguir projectar o hardware e os
  programas capazes de equipararem um computador digital ao cérebro humano. 
  
  Subjacente às críticas dos leigos neste assunto, Herbert Simon diz que já
  há máquinas capazes de pensar e Newel, seu colega, afirma que já foi descoberta
  a ideia de que a inteligência não é mais do que uma manipulação de símbolos
  físicos sem qualquer ligação a aspectos físicos ou biológicos.
  
  Por sua vez, Minsky vai mais além quando defende a ideia de que os
  computadores da geração vindoura serão tão inteligentes que “teremos muita
  sorte se eles permitirem manter-nos em casa como animais de estimação
  domésticos”.
  
  O autor da expressão Inteligência Artificial, McCarthy, atreve-se mesmo a
  dizer que as máquinas possuem crenças uma vez que são capazes de resolver
  problemas.
  
  Este capítulo vem então usar a refutação que a maior parte das teses
  filosóficas apresentam.
  
  A natureza da refutação é claramente independente de qualquer estádio
  particular da tecnologia dos computadores, ou seja, importa que as operações
  dos computadores possam ser especificadas por passos em termos de símbolos
  abstractos na sua estrutura formal ou sintática. Aliás, é essa a melhor
  característica que torna poderosos os computadores.
  
    Deste modo, o mesmo hardware pode ser utilizado para executar diversos programas e o
  mesmo programa pode passar em diferentes hardwares.
  Será então esta característica dos programas que veicula a semelhança
  entre os processos mentais e os processos de programa, isto porque é mais fácil
  termos processos formais e sintáticos do que ter uma mente.
  
  O que leva então à sua diferença? É simples, a mente tem mais do que uma
  sintaxe, possui uma semântica, tem um conteúdo, que nenhum computador pode
  conter.
  
  No início do capítulo é apontada uma questão “pode uma máquina pensar?” e
  naturalmente remetemos para o facto de que, de certa forma, todos nós somos
  máquinas e todos podemos pensar, máquina no sentido de sermos “um sistema
  físico que é capaz de realizar certos tipos de operações”. Mas se pensarmos num
  artefacto, e colocarmos a questão “pode um computador pensar?” no sentido de
  que, ao realizar correctamente o programa de computador isso é suficiente para
  constituir o pensamento, a resposta é negativa. Porquê? Porque o programa de computador
  se define em termos sintáticos e o pensamento é mais complexo do que
  simplesmente manipular símbolos sem significado, implica conteúdos semânticos
  significativos que nós chamamos significados.  
  
  Embora os progressos no campo dos computadores ainda possa ser promissor
  e agora consigamos fazer mais e melhor do que no passado, todas as simulações
  até agora no sentido de encontrar uma mente ou estados mentais num computador
  são irrelevantes.
  
  Com algumas premissas, podemos contradizer esta ideia: 1)
  “Os cérebros causam mentes” – os processos mentais são causados por processos
  que ocorrem dentro do cérebro; 2) “A sintaxe não é suficiente para a semântica”
  – esta concepção é uma verdade conceptual que distingue claramente o que é
  puramente formal daquilo que tem conteúdo; 3) “Os programas de computador são
  inteiramente definidos pela sua estrutura formal ou sintática” – esta posição
  só por definição é verdadeira porque parte do que significamos com a noção de
  um programa de computador; 4) “As mentes têm conteúdos mentais,
  especificamente, têm conteúdos semânticos” – os nossos pensamentos, crenças,
  desejos, dizem respeito a estados de coisas do mundo porque o seu conteúdo os
  conduz para tal.
  
  Com estas premissas é então possível retirar conclusões: a) “Nenhum
  programa de computador é, por si mesmo, suficiente para dar uma mente a um
  sistema. Os programas, em suma, não são mentes e por si mesmos não chegam para
  ter mentes” – esta conclusão condena a hipótese de criar mentes através da
  projecção de programas; b) “A maneira como as funções cerebrais causam mentes
  não pode ser apenas em virtude da activação de um programa de computador” – ou
  seja, se os cérebros causam mentes e os programas não são suficientes para isso,
  também a forma como os cérebros causam mentes não pode ter lugar apenas em
  virtude da activação de um programa de computador, é fundamental que a mente se
  realize em cérebros humanos; c) “Tudo o mais que causou mentes deveria ter poderes
  causais, pelo menos, equivalentes aos do cérebro” – algum outro sistema poderá
  provocar processos mentais utilizando características químicas ou bioquímicas
  diferente das do cérebro, algo que os programas não são suficientes para
  atingir pois não tem poderes causais iguais aos do cérebro; d) “Para qualquer
  artefacto que pudéssemos construir, o qual tivesse estados mentais equivalentes
  aos estados mentais humanos, a realização de um programa de computador não
  seria por si só suficiente. Antes, o artefacto deveria ter poderes equivalentes
  aos poderes do cérebro humano” – os estados mentais são fenómenos biológicos, a
  consciência, a intencionalidade, a subjectividade e a causação mental são
  produtos da nossa vida biológica. 
 
  
 
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