Desperdício de alimentos no Brasil e no Mundo
(Eraldo Bivar Mollulo Junior)
O último século foi marcado pelo domínio do homem sobre a natureza, tendo como uma das faces a intervenção nos processos biológicos com intuito de modificar funções em seres vivos. Como objetivo desta intervenção está o suprimento das necessidades de sobrevivência do ser humano, como por exemplo, ao se tentar produzir mais alimentos e com qualidade superior, para que se tenha acesso um número cada vez maior de pessoas e assim suprir as necessidades primárias de existência. Alguns autores tratam esses avanços na área biotecnológica para agricultura como a “Terceira Revolução Agrícola”, a partir de que o argumento utilizado é o mesmo que foi usado pelos promotores do pacote tecnológico da “Revolução Verde[1]”, que também tinha como um dos objetivos básicos reduzir a fome do mundo (HAZELL, 1995). Entretanto, mesmo com o aumento vertiginoso de produtividade das principais culturas, desde então a fome vem atingindo recordes em todo mundo.
A distribuição inadequada de alimentos em países em desenvolvimento tem sido, invariavelmente, um dos problemas mais atacados por parte dos organismos internacionais. ABROMOVAY (1996) considerava três aspectos básicos pelos qual a oferta de alimentos poderia ser expandida:
a) pelo aumento da área plantada;
b) pelo aumento da área produtiva;
c) pelo aumento de números de safras durante a sazonalidade.
Entretanto, para contrapor este pensamento, Martins e Farias (2002, p. 2) citam que,
Para se colocar alimento ao alcance das pessoas não é questão apenas aumentar a produção global, mas sim que esses alimentos tenham a garantia de produzir, distribuir até o consumidor final. Porém, esse deslocamento dos alimentos deve ser monitorado de tal forma que um nível mínimo de perdas ocorra. Essa postura quanto à minimização dos desperdícios deve envolver todos os atores participantes da cadeia produtiva.
A fome afeta milhares de seres humanos em todas as partes do globo. No entanto, é de consciência mundial que a quantidade de alimentos existente é capaz de suprir as necessidades básicas de todos os seres humanos. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO (sigla em Inglês para Food and Agriculture Organization) no ano de 1996, já existia um estoque de alimentos com capacidade de atender reais necessidades de uma dieta de 2.700 calorias/pessoa/dia, que é a considerada ideal. Concretizando desta maneira, que o problema se trata de distribuição de alimentos, do que propriamente ao desenvolvimento de novas tecnologias, para alcançar níveis extraordinários de produtividade agrícola. Juntamente com esta má distribuição de alimentos acontece um outro ponto bastante preocupante, na maioria dos casos é desprezado, que é o desperdícios de alimentos. Este cenário se torna mais evidente quando se trata de cadeias produtivas, em que, os produtos são altamente perecíveis, como é o caso das frutas e hortaliças (MARTINS e FARIAS, 2002).
Especificamente tratando da questão do desperdício, é comprovado que os resíduos de frutas e hortaliças são, geralmente, desprezados e poderiam ser utilizados como fontes alternativas de nutrientes, com o objetivo de aumentar o valor nutritivo da dieta de populações carentes, bem como solucionar deficiências dietéticas do excesso alimentar (PEREIRA et al., 2003).
[1] A expressão “Revolução Verde” refere-se ao processo de invenção e disseminação de novas sementes e práticas agrícolas, advindas dos países desenvolvidos, que permitiram um vasto aumento na produção agrícola em países menos desenvolvidos entre as décadas de 60 e 70.
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