O que constitui uma contribuição teórica?
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A preocupação central do texto é discutir o que constitui uma contribuição teórica. Motivado por suas experiências enquanto editor da Academy of Management Review – AMR – o autor WHETTEN, David A propõe conceitos mais simples para a discussão do processo de desenvolvimento da teoria. O texto é voltado para um público acadêmico, destina-se a auxiliar aqueles pesquisadores que desejam publicar trabalhos em periódicos e sugere que exista uma maior interação entre editores e colaboradores.
O texto trás três problemáticas principais: quais são os elementos que constituem uma teoria; quais são os padrões para o processo de desenvolvimento de uma teoria; expectativas dos avaliadores com relação as contribuições e a adequação dos artigos da AMR. Para a realização dessas discussões o autor organizou o texto em três tópicos: quais são os blocos de construção para o desenvolvimento de teoria; o que é uma contribuição legitima e que agrega valor ao desenvolvimento da teoria; quais os fatores considerados na avaliação de artigos conceituais.
A metodologia utilizada pelo autor consistiu em dialogar com outros autores que estudaram o desenvolvimento de teorias como, por exemplo, Dubin[1]. Ao tomar esse autor como referência para suas discussões, WHETTEN afirma que para uma teoria ser completa ela deve possuir quatro elementos: o quê, como, por quê, quem, onde e quando.
A discussão trazida por WHETTEN é centrada na relação entre prática e teoria. O encaminhamento dado a essa problemática indica que ambas não devem ser separadas, mas devem permanecer em constante diálogo para que uma não seja determinante sobre a outra.
Porém, ao refletir sobre a relação prática versus teoria o autor incorre em ligeiras contradições. Apesar de sua proposta ser a de que teoria e prática devem caminhar juntas devido ao fato de que uma sem a outra correm o risco de se tornarem empobrecidas, o autor – pela organização e pelo que ele priorizou ao longo do texto – aparenta valorizar mais a teoria em si do que a prática. Além disso, poucas vezes foram mencionadas questões mais práticas ou foram dados exemplos sobre qual seria o ideal de relação entre teoria e prática.
No segundo tópico “O que é uma contribuição legítima e que agrega valor ao desenvolvimento da teoria”, o autor considera os mesmos elementos descritos anteriormente como critérios para julgamentos editoriais, ou seja, o quê e como, por quê. Nessa parte, a preocupação central é o entendimento de que a contribuição das teorias não está apenas nos dados que elas trazem, mas naquilo que elas agregam e fazem avançar em relação ao que já foi produzido e estudado.
O terceiro tópico “Quais os fatores considerados na avaliação de artigos conceituais” encerra o sentido do artigo escrito por WHETTEN tratando das preocupações mais freqüentes consideradas por avaliadores de periódicos. Essas preocupações estão diretamente relacionadas aos temas discutidos nas primeiras partes do artigo e têm o caráter de concluir o que ele entende por relevância teórica. O que constitui para o autor um artigo publicável sobre teoria? As teorias não precisam ser totalmente novas apesar de elas poderem mudar a visão de estudiosos?
Perguntar sobre o quê e como determinadas teorias fazem avançar debates específicos na agenda da sociedade, seja qual for o assunto, é um dos elementos sugeridos pelo autor como o que pode servir de critério para definir a validade ou não de teorias. Conforme discussões sugeridas neste tópico, passamos a questionar sobre as maneiras como teorias podem contribuir para mudar perspectivas levando em consideração aquilo que já está posto.
Em seguida, o autor demonstra outros elementos utilizados freqüentemente por avaliadores de periódicos ao definirem o que deve ser publicado ou não: a coerência do artigo; se foi bem produzido e conciliou pesquisa prática com a teoria sem fazer reproduções; como ele está organizado; qual é sua relevância cientifica para o momento em que será publicado; para qual público ele é direcionado.
A contribuição central deste artigo está na interpretação colocada pelo autor logo no início de seu texto - o que sinaliza que ele pretende demarcar esta reflexão sobre o tema em questão - e diz respeito à perspectiva de ele não desejar que seus comentários sejam transformados em dogmas oficiais, destacando que cada texto produzido é único e é, portanto, detentor de especificidades, idéia que foi amplamente trabalhada ao longo do referido texto.
[1] DUBIN, R. Theory Development. New York: Free Press. 1978.
[2] WHETTEN, David A. O que constitui uma contribuição teórica? In: RAE v 43 n 3 jul/set 2003, p.70.
[3] GERGIN, K. Toward transformation in social knowledge. New York: Springer-Verlag, 1982.
Referência
WHETTEN, David A. O que constitui uma contribuição teórica? In: RAE v.43, n.3, jul/set 2003, p.69-73.
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