Adeus, Stalin!
(Irene Popow)
Irene Popow, psicanalista radicada no Brasil, tinha nove anos em 1942, quando deixou sua cidade natal, Stálino, na Ucrânia. Durante seis anos, a família Popow cruzou a Europa devastada pela guerra, numa longa viagem em busca da sobrevivência.
Em Adeus, Stalin!, a pequena Irene, ou Ira, como passou a ser carinhosamente chamada, revive os episódios mais marcantes de sua infância até a chegada ao Brasil, em um dos momentos mais sombrios do século XX.
Aos 78 anos, a autora conta que há quase três décadas amadurecia a ideia de escrever essas memórias, estimulada por amigos e familiares sempre interessados em mais detalhes a cada vez que ela contava uma passagem de sua vida. Já motivada pelo projeto, em 1997 fez em companhia da filha primogênita Tatiana, uma viagem histórica de trem: Kiev-Donétsk. "Foi uma espécie de volta ao passado, às origens, às raízes, à fonte... Com a câmera de vídeo, ela ia registrando minhas emoções e solicitava mais e mais descrições e relatos", lembra Irene. De volta ao Rio, a autora conta que, ao ver o filme, surpreendeu-se com a expressão dos próprios olhos, enquadrados em close enquanto falava. "Minha voz e as histórias que contava não estavam de acordo com meu olhar. Pensei de novo: Tenho que escrever."
As dúvidas sobre escrever ou não o livro desapareceram na noite em que saiu para jantar com o filho caçula, o cineasta Andrucha Waddington. "Não lembro por que comecei a discorrer sobre o 28 de outubro de 1941, o dia da ocupação pelo exército de Hitler da minha cidade natal, Stálino, na Ucrânia, onde moravam meus avôs maternos. Na época, eu tinha 8 anos e estava na casa deles.(...) De repente, me dei conta de que os olhos de Andrucha estavam cheios de lágrimas. Ele estava comovido com meu relato e chorava no restaurante lotado, onde as televisões transmitiam o encerramento dos Jogos Olímpicos de Atlanta de 1996, que nós tínhamos combinado de assistir juntos. Pensei: ‘os ecos da minha memória estão se tornando cada vez mais fracos, podem morrer totalmente até chegar aos ouvidos dos meus netos. A eles sobraria somente um relato indireto, se tanto'.
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