O Erro no Processo de Ensino-Aprendizagem
(Adriana Ignácio de Campos Meroni)
Em seu artigo, a educadora Adriana Ignácio de Campos Meroni apresenta uma experiência que realizou com uma turma da quarta série de uma escola municipal de Paulínia/SP. Tal atividade, que visava à socialização dos erros e conhecimentos dos alunos, originou-se num diagnóstico de variadas dificuldades de entendimento da turma. O trabalho possibilitou o desenvolvimento de valores como segurança, confiança, criticidade, autoestima e respeito. Conforme relatado no artigo, a atividade foi muito bem sucedida, podendo ser replicada e adaptada para outras realidades e situações.
A autora começa narrando que sua motivação para desenvolver a atividade ali apresentada partiu das necessidades que percebeu em seus alunos. Nota-se aqui a importância e a assertividade da avaliação feita pela professora. Afinal, é este o principal objetivo de qualquer avaliação: diagnosticar deficiências para que possam ser trabalhadas. A partir do diagnóstico de “...dificuldades no entendimento de ordens, mensagens, critérios, seqüências de fatos, roteiros e elaboração de textos”, a professora decidiu desenvolver uma atividade em grupo visando a socialização dos erros e dos conhecimentos, o que claramente contribuiu para minimizar as dificuldades acima, além de desenvolver outros valores importantíssimos.
Ainda no início do texto, a autora menciona que propôs aos alunos uma mudança no posicionamento nas carteiras, para que ficassem na forma de dois semi-círculos, ao invés do tradicional sistema de filas. Relata, ainda, que os alunos gostaram da mudança, adaptando-se bem ao novo posicionamento e não querendo retornar ao sistema antigo. Esta mudança é muito significativa, pois deixa de lado o tradicional sistema em que todos se voltam apenas para o mestre que assume um papel central como fonte de conhecimento. Assim, estabelece-se uma configuração onde os alunos voltam-se uns aos outros, o que certamente favorece a socialização dos seus erros e conhecimentos, conforme buscava a professora.
O objetivo de socializar os erros tem grande sintonia com o pensamento construtivista. Para Piaget, o erro nunca deve ser castigado, mas sim analisado e retificado. Este processo de análise e retificação dos erros é fundamental para a construção do conhecimento (CALIL e NASCIMENTO, 2009). Melhor ainda se tal processo puder ser experimentado em grupo, com os alunos podendo ajudar-se uns aos outros na percepção e correção de seus erros. Portanto, pode-se afirmar que a experiência relatada no artigo tem forte influência da concepção construtivista.
A atividade desenvolvida teve duas etapas. A primeira consistiu nos seguintes passos: os alunos foram divididos em grupos de sete elementos; em seguida, cada aluno construiu um fantoche; os fantoches, comandados por seus criadores, colocaram-se a dialogar e interagir com os outros do mesmo grupo; neste momento, foi lançado o desafio de que cada grupo elaborasse uma história, utilizando os fantoches como personagens; feito isso, cada grupo apresentou sua história, na forma de teatro de fantoches; no final desta primeira etapa, os grupos redigiram suas histórias em formato de textos que foram recolhidos pela professora.
A segunda etapa consistiu na análise coletiva das histórias, corrigindo-se os erros ortográficos e de pontuação, bem como se discutindo a coordenação das idéias. Assim, os textos foram reestruturados com a participação de todos, mas sempre respeitando e buscando compreender as idéias originais do grupo.
O artigo relata uma notável experiência construtivista. A professora, corajosamente, conseguiu mediar importantes processos de construção, reconstrução e socialização do conhecimento entre seus alunos.
O trabalho com fantoches, de forma lúdica e divertida, permitiu que os alunos desenvolvessem a imaginação e a criatividade, explorando suas formas de comunicação e expressão. Além disso, a atividade estimulou os alunos a praticarem a escrita, registrando textualmente suas histórias.
Na segunda parte da experiência, em que as histórias foram revisadas coletivamente, os alunos foram encorajados a adotarem uma postura aberta e positiva na análise e correção de seus erros. Esta experiência certamente favoreceu a construção de valores importantíssimos, como cooperação, respeito, segurança e autocrítica.
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