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A escrita da história: novas perspectivas
(Peter Burke)

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Em um contexto no qual são rasuradas as fronteiras entre o literário e o histórico, o livro “A escrita da história: novas perspectivas”, organizado por Peter Burke (São Paulo: UESC, 1992; 360 p.) faz a reunião de pensamentos de alguns dos mais significativos historiadores contemporâneos. Contribuições de diversos domínios acerca das mais recentes tendências da prática e da metodologia historiográficas oferecem o esboço das perspectivas para o desenvolvimento desse importante campo do saber. Peter Burke é professor de história cultural e membro do Emmanuel College, na Universidade de Cambridge.A discussão sobre as mudanças sofridas pela historiografia é feita pelo viés da corrente chamada Nova História. De fato, as maneiras de escrever a História são o enfoque principal desse volume, incluindo temas novos, na época de sua publicação, para o pensamento historiográfico, tais como, entre outros, o renascimento da narrativa, a história das mulheres e a história oral. De modo contundente, Burke afirma que a Nova História é aquela praticada como uma reação deliberada contra o paradigma historiográfico tradicional, que passa a ser visto como um dos possíveis modos de pensar o passado.Os pontos de contraste entre a velha e a nova história são expostos em seis pontos: 1) o paradigma tradicional relegava à periferia outros tipos de história (da arte, da ciência etc) e dizia respeito apenas à história política; já a Nova História, deve-se reiterar, enfatiza uma história total, em que toda atividade humana pode ser analisada pelo viés histórico; 2) os historiadores tradicionais pensam a história como monumento ou como grandes narrativas de fatos grandiosos, enquanto a nova centra suas análises nos aspectos estruturais dos fatos; 3) do ponto anterior, decorre que a historiografia tradicional tem uma visão elitista (os feitos dos grandes homens - estadistas, generais, figuras eclesiásticas etc), enquanto a nova empreende uma visada mais plural, incluindo a história da cultura popular, por exemplo; 4) os documentos oficiais são a fonte de informação priorizada pela abordagem historiográfica tradicional, enquanto o paradigma da Nova História recepciona outras espécies de documento, incluindo testemunhos de pessoas do povo; 5) a história tradicional oferece explicações mediadas pela vontade do sujeito histórico, enquanto a Nova História fica atenta aos movimentos sociais e às tendências em processo nas sociedades; e 6) o historiador tradicional vê a História de modo positivista, como uma ciência objetiva, enquanto o novo paradigma lança a desconfiança sobre a razão pura e sobre a possibilidade de uma objetividade total para se pensar a história. É relevante anotar, nesta sucinta apresentação dessa obra, que Peter Burke afirma também que a Nova História não é de fato tão nova, vez que já teria havido perspectivas similares em outros tempos. Além disso, assim como várias outras abordagens contemporâneas, a Nova História carece de critérios e definições claras, o que por vezes pode gerar insegurança e falta de clareza nas explicações e nas sínteses.Finalmente, para quem lida com ciências da linguagem e da comunicação em geral e para aqueles que lidam nos campos mais próximos à história, o volume “A escrita da história: novas perspectivas” é leitura obrigatória. Afinal, a narrativa histórica e a narrativa literária (a ficção) podem não ser tão distintas assim.



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