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Amor Platônico
(João Francisco P Cabral)

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Em um belo texto intitulado “O Banquete”, Platão expôs aquilo que seria a sua doutrina sobre o amor.
A narrativa rememora uma festa acontecida na casa do famoso poeta Agatão e desencadeia vários elogios ao deus que, ainda não havia recebido os louvores dos homens. Assim, o deus foi tido por diversos caracteres, desde o deus mais antigo e por isso bom educador, força cósmica geradora dos seres, até uma dupla característica, uma vulgar e outra ascética, bem como o deus mais jovem, mais belo e por isso irresponsável.
Chegada a vez de Sócrates falar ele propõe uma questão: o que é o amor? Ou seja, antes de falar se é bom ou mau, belo ou feio, se ajuda ou atrapalha, deveríamos saber o que ele é. Para desconcerto geral, Sócrates define o amor como sendo a busca da beleza e do bem. Sendo assim, ele não pode ser belo nem bom. Quem ama, deseja algo que não tem. Quando se tem, não se deseja mais. E todos só desejam o melhor, ninguém escolhe o mal voluntariamente. Logo, o amor é o desejo do belo e do bom. Essa definição permite uma compreensão universal do amor. Mas não devemos crer que por não ser bom, o amor é mau. Não é uma conclusão necessária.
Para combater o mito da alma gêmea que acabara de escutar da boca do comediógrafo Aristófanes, Sócrates conta o que aprendeu com aquela que o iniciou nos mistérios do amor, Diotima. Ela lhe disse que durante uma festa, todos os deuses foram convidados, menos a deusa Penúria. Faminta e isolada, ela procurou alimento nos restos da festa. Porém, ao ver o deus Astuto, deus engenhoso, embriagado, deitado num jardim, resolveu ter um filho com ele. Nasce daí o deus Eros (o amor), que assume as características de seus pais. Por parte de mãe, é pobre, carente e faminto. Já por parte de pai, é nobre, cheio de recursos para alcançar o que quiser, saciando suas necessidades.
Passa a ser função de Eros ligar os homens a Zeus, sendo intermediário entre eles. Aos deuses, leva as súplicas dos homens, seus anseios e necessidades através das preces e orações. Aos homens, traz as recomendações dos sacrifícios e honra aos deuses. Por isso, não sendo nem bom nem mal, mortal e imortal, o amor é o que nos leva a escolher sempre o melhor. Ele morre, como um desejo que se acaba, mas logo nos inflama novamente, renascendo na alma dos homens. Todavia, o que é o belo e o bem que o amor busca?
Para Platão, o amor refere-se à nossa sensibilidade e apetites, principalmente o sexual. Vemos, em um corpo, a beleza e o desejo de procriar nele. Isso significa que o desejo por um corpo belo é a tentativa da matéria de se eternizar. Os filhos são uma forma dos pais serem eternizados. No entanto, o belo não é somente o corpo, pois logo que esse desejo se esvai, percebemos que outros corpos também nos atraem. Assim, passamos do singular (indivíduo) para o universal (todos os indivíduos). Mas ainda nisso não consiste a beleza, apenas participa da ideia. Para Platão, subimos degraus na compreensão da beleza, dos corpos até as ações nas ciências, nas artes e na política, que expandem a ideia de beleza. Mas ela mesma é uma ideia que dirige as almas para o bem absoluto que não pode simplesmente ser conquistado pelo homem encarnado.
Portanto, o homem, como corpo-alma, jamais conhecerá a verdade absoluta. Isso cabe somente aos deuses. Mas nem por isso deve deixar de se desenvolver. É correto agir procurando o melhor sempre. Ao homem, ser desejante, cabe buscar o conhecimento que o aproxime dos deuses, não se deixando fascinar pelo sensível, mas buscando compreender o inteligível, o reino das ideias,  que é propriamente o saber. Assim, naturalmente, o homem é filósofo buscando a sabedoria, entendendo por isso a melhor forma de usar a parte que lhe é principal – a alma – para agir, ser dono dos desejos, compreendendo a função de cada um e não se tornar escravos desses.



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