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127 Horas - Critica
(Marcelo Hessel)

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Direção: Danny Boyle
Roteiro: Danny Boyle, Simon Beaufoy, Aron Ralston (livro)
Elenco: James Franco, Kate Mara, Amber Tamblyn, Treat Williams, Kate Burton, Clémence Poésy
 
A história é real e não é preciso conhece-la para saber que alguma coisa vai dar errado quando Aron Ralston sai para um passeio rotineiro em abril de 2003 no cânion Bluejohn, em Utah. Em 127 Horas, o diretor Danny Boyle faz questão de mostrar duas vezes que Aron (James Franco) esqueceu seu canivete em casa antes de partir - sinal de problemas.
Exagerar a importância das pequenas coisas é a ideia central deste conto moral e da grande maioria dos dramas de sobrevivência. Adquirir uma súbita consciência da própria mortalidade é sempre uma oportunidade para lamentar o que se fez de errado no passado, e filmes assim não funcionam com perdão, funcionam com penitência.
No filme, essa importância é potencializada pela época em que vivemos: mais do que uma questão de atitude, hoje é uma questão de identidade registrar todos os instantes da vida, em imagens e frases de efeito. A cultura do imediatismo pega Aron Ralston. Na mochila ele não tem um canivete, mas tem uma filmadora e uma câmera fotográfica.
O formato de vídeo testemunhal é prático. Quando Aron conversa com a câmera, permite que a ação sem diálogos se interrompa e seja feita uma exposição resumida para explicar a situação e responder eventuais questões do espectador. É numa dessas gravações que ficamos sabendo por que equipes de resgate não aparecem, por exemplo.
Do ponto de vista do arco do personagem, porém, a saturação é inevitável. Desde criança Aron entende que o nosso contato com o mundo é mediado por lentes. Em um flashback, levado pelo pai para ver o sol do alto de um cânion, o que  chama a atenção são os óculos grandes no rosto pequeno do menino. A cena das lentes de contato, por sua vez, realça a importância que elas têm para a sobrevivência do alpinista.
Aron sabe, por sua condição de míope, dar valor a uma imagem. Quando ele lamenta ter esquecido um isotônico no carro, Boyle enche o fluxo de consciência do personagem com recortes de comerciais de refrigerante.
A saturação acontece porque Aron não adquire, como os heróis de outros dramas de sobrevivência, a consciência da mortalidade - ele sempre a teve. Quando aparece a pedra no seu caminho, é com inevitável grandiloquência que ele diz que "essa pedra tem me esperado minha vida toda". Dá até pra sentir ali uma ponta de orgulho pelo "feito".
Na vida real, Aron Ralston se tornou uma celebridade após o incidente. No filme - encerrado com o exagero de cinco minutos de música para superar as suas próprias demonstrações anteriores de triunfo, Aron já era o ídolo de si mesmo desde o princípio.



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