Onda de papel reciclado começa a ser questionada
(Valor Econômico)
Os papéis reciclados são moda, principalmente entre os entusiastas defensores do meio ambiente, principalmente sob o argumento de se evitar o corte de árvores e pela economia e energia que, em regra, menor para um processo de reciclagem do que para a produção de um produto novo. Essa onda dos reciclados, no entanto, começa a ser questionada. Um estudo recente realizado pelo Laboratório de Química, Celulose e Energia da Escola Superior de Agricultura - ESALQ/USP mostra dados perturbadores para os defensores do reciclado. A primeira constatação do estudo foi de que o processo de produção de papel reciclado consome mais energia do que o processo de produção de papel novo, a partir de fibras virgens. O papel reciclado é produzido a partir de aparas, divididas em pré-consumo e pós-consumo. A pré-consumo são os refugos e as perdas de papel da indústria gráfica. São aparas rejeitadas e não usadas. As pós-consumo são as aparas de papel já usado, recolhido por catadores e cooperativas. Agora, um dado interessante: no processo de produção de papel reciclado é exigido um percentual de 70% a 75% de aparas pré-consumo e apenas 25% a 30% de aparas pós-consumo. Esse percentual é ignorado pela maioria dos consumidores de papel reciclado. Um outro percentual interessante é a quantidade de papel reciclado produzido no Brasil: apenas 7% do total, ou seja, pouco mais de 1,2 milhão de toneladas. No passado isso se devia ao preço do produto, já que o papel reciclado custava para o consumidor final entre 20% a 30% a mais do que o papel de fibras virgens. Hoje, no entanto, o custo é aproximadamente o mesmo. Já o custo de produção segue mais alto para o reciclado e isso tem explicação. Em primeiro lugar a quantidade de água. Enquanto o papel novo precisa de 10 metros cúbicos para produzir uma tonelada de papel, o reciclado exige o enorme volume de 64 metros cúbicos por tonelada. O consumo de quase sete vezes a quantidade de água não, com toda certeza, algo amigável ao meio ambiente! Outro problema, para o bolso do fabricante e para a saúde do meio ambiente, é que o reciclado exige uma quantidade maior de produtos químicos. No processo de destintamento, para retirar a tinta do papel usado e deixar o resultado final utilizável para receber tinta novamente, há o uso intensivo de peróxido de hidrogênio, hidróxido de sódio e enzimas. O processo resulta ainda em elevada produção de resíduos sólidos contendo metais pesados. Resumindo, o papel reciclado não é nada sustentável! Agora, o processo de produção de papel novo, a partir de fibras virgens, além de consumir menos água, menos químicos e gerar menos resíduos, tem uma vantagem adicional: no caso brasileiro, onde todo o papel novo é produzido a partir de florestas plantadas, além de gerar emprego e riqueza na cadeia produtiva, inclusive com geração de renda para pequenos proprietários rurais, o plantio constante de árvores captura muito mais carbono da atmosfera. No caso do reciclado não haverá mais captura nenhuma. Qual papel é mais amigo do meio ambiente?
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