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Bumba-meu-boi no Maranhão
(Leonardo Coe)

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  A estória passa-se numa fazenda situada no interior do país. Encontram-se entre as personagens principais um negro vaqueiro, sua mulher cabocla e um homem branco, dono da fazenda e, portanto, do touro estimado. A estas personagens principais e fixas podem juntar-se a outras personagens móveis. No Maranhão, além das personagens fixas, existem as Índias, os Vaqueiros, o Rapaz, o Pajé, o Padre, o Médico, o Palhaço, o Miolo, o Cazumbá e a Burrinha. Nos outros Estados, é fácil encontrar versões em que aparecem outros personagens como o Arlequim, Dona Maria, o Virgulino, o Caipora, o Gigante, o Capataz, o Caboclo Real, o Capitão, a Ema, O Caçador, etc.
De versão a versão, o boi pode se chamar Mimoso, Estrela, Barroso ou Novilho de Estimação, enquanto o vaqueiro tem os nomes variantes de Pai Francisco, Nego Chico, Mateus, Fidélis, Sebastião, ao lado de um fazendeiro que é conhecido por Capitão-do-Mato, Capitão-Marinho, Amo, Patrão, Coronel, Comandante, Capitão Boca Mole, Senhor Branco.
Em algumas versões, o boi é a personagem principal, a ser roubado pelo vaqueiro, enquanto em outras versões é o vaqueiro que é posto à prova ao roubar o boi, entretanto o núcleo do enredo gira sempre em torno da fertilidade da Mãe Catirina, mulher do vaqueiro que, grávida ou em estado interessante, cisma em querer a língua de um boi; mas não de qualquer boi: ela quer comer a língua do novilho estimado da fazenda. Nas variações que se seguem, o código moral vai mudando, segundo as condições de representação do auto.
Nas versões mais antigas, o vaqueiro Pai Francisco e a Mãe Catirina são representados como negros matreiros, ladrões sem caráter, escravos ladinos, fugitivos astutos, trapaceiros contumazes. No enredo original, Pai Francisco é empregado da fazenda, em outras versões é apenas um forasteiro. Ora aparece como o vilão ora como a vítima, portanto, não é propriamente uma personagem humorística. As situações que vive é que são cômicas ou tragicômicas, tanto que é reconhecido como palhaço, por sua postura irreverente, desrespeitadora, mas simpática.
O fazendeiro é um português patrão, representante do poder local, que quer o seu novilho a todo custo, mesmo que para isso tenha que atirar e matar o vaqueiro, imbuído que está de uma ordem constituída pela força econômica.
 
Indignado ante a recusa, o amo manda que batam em Chico e, quando Catirina tenta intervir, é ameaçada de ser surrada também. Depois de muita confusão, Chico resolve confessar o roubo, enquanto o pajé ressuscita o boi para alegria geral. O amo perdoa Chico e faz uma grande festa para comemorar a recuperação do novilho estimado da fazenda.
Às vezes, no meio da confusão, é chamado o delegado para obrigar Chico a confessar, mas covarde e sem tropa a acompanhá-lo, o delegado é apenas ridicularizado ante a astúcia de Chico.
Outra personagem muito comum é o doutor médico, caricatura arremedada de veterinário, que é chamado para ressuscitar o boi morto, mas o máximo que consegue, ao proferir diagnósticos esdrúxulos e incríveis receitas, é fazer com que o bicho mexa o rabo. É obrigado a chamar o pajé da aldeia para cumprir a tarefa, este sim, o verdadeiro conhecedor do caso. Também o padre, cuja figura aparece com a violência de um ajuste de contas, vem em algumas versões acabar com a confusão ou ajudar a ressuscitar o boi,   através     de   suas orações, mas sua    atuação   é   um   vexame,    sendo       por    isso depreciado na ação dramática.
Azevedo Neto repete outra versão, cujo enredo moralizador demonstra a herança do teatro catequético. Nesta estória, Pai Francisco é um homem sério, honesto e trabalhador, porém, diante do desejo de Mãe Catirina em comer a língua do novilho, divide-se entre a responsabilidade da sua tarefa de vaqueiro e o dever de pai em atender ao pedido da mulher grávida. Na verdade, o desejo de Catirina é uma mentira inventada pelo fazendeiro numa aposta com outros fazendeiros para colocar a honestidade de Chico à prova.
Depois de matar o novilho e atender ao pedido de Catirina, Chico pega o cavalo e vai contar o ocorrido ao amo, pensando em como relatar o fato. Após matutar as mil e uma formas de descrever os acontecimentos, sem responsabilizar-se directamente, não consegue chegar a nenhuma conclusão quando chega à casa do patrão.
Por não saber mentir, acaba contando a verdade e fica à espera do castigo merecido, mas é perdoado pelo fazendeiro que providencia a ressurreição do boi e festeja a volta do honesto Chico.

     O vaqueiro é sempre um subalterno do patrão, o empregado de confiança a quem é entregue a responsabilidade da fazenda e tudo o que ela contém. É também um exímio dançarino, mostrando as suas capacidades cênicas no encontro com o boi durante a dança: «No meio da roda de brincantes, boi e vaqueiro se defrontam, calcando o chão com golpes certos de calcanhar. De repente, quando o batuque se acelera, o vaqueiro cola o ombro esquerdo no flanco do boi, quase na frente, à altura da cabeça do animal e forma com ele um bloco único, acompanha-o no menor movimento. O boi e o vaqueiro formam um par indissociável do folguedo, um pela destreza com que arrebata, o outro pela persistência como escapa ao seu amansador»1
[1] Lima, 1982, p. 19
 



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