Angina do peito
(WILLERSON; J T)
A angina do peito é um complexo sintomático da cardiopatia coronariana que se caracteriza por ataques paroxísticos de dor torácica, subesternal e precordial, causada pela isquemia miocárdica, que pode induzir ao infarto. Sua lesão é reversível e passageira. A angina é dividida em três tipos: Estável, prinzmetal e instável. Elas não são totalmente distintas podendo apresentar características umas das outras. Todas são produzidas por estreitamentos coronários fixos e espasmos vasculares variáveis.
Angina Estável ou Doença Arterial Coronária (DAC) crônica
É a forma mais comum de angina e também chamada de ”angina típica”. Ela se caracteriza clinicamente pela angina desencadeada aos esforços, que piora de forma gradual e que melhora com o repouso e com uso de nitratos. Tem duração em média de 5 minutos. Ocorrerá obstrução fixa no sistema coronariano (troncos principais), representado por lesão aterosclerótica, causando déficit de suprimento sangüíneo e de oxigênio ao miocárdio. A angina pode ser gerada também por desequilíbrios de demanda. As lesões ateroscleróticas serão evidentes quando a alteração do fluxo sangüíneo coronariano for superior aos mecanismos de reserva miocárdica (a partir de 75% de obstrução do vaso coronariano). As anastomoses intercoronárias acontecem e evitam o infarto agudo, mas as lesões oclusivas podem causar tardiamente necroses miocárdicas.
Manifestações clínicas
Manifesta-se com paroxismos de dor relacionados com o exercício e aliviados com o repouso. A dor induzida pelo esforço, mostra que a demanda metabólica estará aumentada, e será associada a freqüência cardíaca elevada, a contratilidade miocárdica e a pressão arterial também elevadas.
Tratamento
Os objetivos principais do tratamento seriam: prevenir o infarto do miocárdio, reduzir a mortalidade, reduzir os sintomas e a ocorrência da isquemia miocárdica, propiciando melhor qualidade de vida. É muito importante a orientação dietética e a atividade física.
A utilização de antiagregantes plaquetários, hipolipemiantes, em especial as estatinas, bloqueadores betadrenérgicos e inibidores da enzima conversora de angiotensina, irão reduzir a incidência de infarto e aumentar a sobrevida, enquanto os nitratos, antagonistas dos canais de cálcio e trimetazidina reduzirão os sintomas e os episódios de isquemia miocárdica, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. A aspirina ou ácido acetil salicílico é o antiagregante plaquetário de preferência, com exceção dos casos de contra-indicação m como a alergia ou intolerância, o sangramento ativo, a hemofilia, a úlcera péptica ativa ou alta probabilidade de sangramento gastrointestinal ou gênito-urinário. Quando ocorre contra-indicação absoluta ao uso de aspirina os derivados tienopiridínicos são indicados. São também associados à aspirina. Os anticoagulantes são indicados quando houver presença de alto risco trombótico, podendo ser usado associado à aspirina e especialmente após infarto do miocárdio. Pelas modificações da atividade fibrinolítica no plasma sangüíneo em pacientes com doença coronariana crônica o incentivo à realização de estudos que incluam os anti¬coagulantes orais na prevenção de eventos isquêmicos agudos são bem vindos. Pacientes de alto risco são beneficiados pela associação de aspirina com warfarina, na prevenção do infarto agudo do miocárdio e da mortalidade cardiovascular. Deve-se ter cuidado, pois a warfarina aumenta a incidência de acidente vascular cerebral hemorrágico e seu uso deve ser restrito aos pacientes com elevado risco trombótico, como quando, por exemplo, há episódios repetidos de acidente vascular cerebral ou periférico. A warfarina pode ser considerada substituta da aspirina.
De acordo com estudos, a redução dos níveis séricos de colesterol diminui a incidência de doença arterial coronariana.
As estatinas constituem a melhor opção terapêutica para o controle dos níveis séricos da LDL-c, sendo o medicamento de escolha para se reduzir o LDL-c em adultos. O tratamento deverá ser seguido por tempo indeterminado.
O ezetimibe age inibindo a absorção do colesterol nas vilosidades intestinais, inibindo a enzima A-CAT (acetil-coenzima-A, acilcolesterol-transferase). Existem situações nas quais o ezetimibe pode ser alternativa interessante, como, por exemplo, quando há intolerância à estatina e essa tem que ser reduzida, situação na qual a estatina pode ser associada com ezetimibe, ou nos casos em que as estatinas, fibratos e o ácido nicotínico não são tolerados pelo paciente.
Os bloqueadores betadrenérgicos são os fármacos de primeira escolha no tratamento da DAC, pois reduzem a isquemia e a angina do peito. Seu uso precoce, após o infarto do miocárdio, reduz a mortalidade cardíaca, e esses benefícios se estendem quando a terapêutica é mantida após a alta hospitalar.
Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECAs) melhoram o perfil hemodinâmico, a perfusão subendocárdica e a estabilização de placas ateroscleróticas. O benefício dos IECAs é demonstrado mesmo em população com DAC considerada de risco menor. São geralmente indicados quando há disfunção ventricular e ou insuficiência cardíaca e ou diabetes mellitus.
Os antagonistas dos canais de cálcio estão indicados na a angina estável vasoespástica.
Os nitratos sublinguais de ação rápida têm efeitos farmacológicos imediatos (1 a 3 minutos após a sua disso¬lução) e os efeitos vasodilatadores duram durante 30 a 45 minutos. Seu uso também é de primeira opção pelo efeito imediato. Ele causa venodilatação, redução da pós-carga e dilatação coronariana. Nitratos de ação prolongada orais devem ser utilizados para o tratamento dos pacientes que continuam sintomáticos mesmo com o uso de bloqueadores betadrenérgicos e/ou antagonistas dos canais de cálcio. Nitratos de ação prolongada transdérmicos devem ser usados em situações agudas como no perioperatório de cirurgia não cardíaca.
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