Segundo Eco, todo o seu trabalho teórico e ficcional tem por fim o mesmo objetivo: a tentativa de entender como damos significado ao mundo que nos rodeia. (NÖTH,1996, p. 167). Em sua coleção de ensaios Obra aberta, Eco analisa a ambigüidade da mensagem estética e sua abertura para a iniciativa do leitor (complementando seu sentido).
Umberto Eco faz uma pergunta filosófica básica: “de quem é a culpa?” (ECO,1985,p. 45 -46), a partir desse questionamento podemos citar a obra de Machado de Assis “Dom Casmurro” em que o narrador acusa sua esposa de traição, e com base a sua visão os leitores constroem sua própria opinião diante do texto. Não se pode esquecer que a ideia de obra aberta se entrelaça à defesa de limites da interpretação, estipuladas no caso da obra de Machado de Assis pelo narrador Bentinho. Eco aponta também para a tensão entre fidelidade e liberdade interpretativa.
As obras literárias assim como as de arte possuem uma característica a ambigüidade e a auto-reflexibilidade, de tal maneira que, ainda que tomando uma forma fechada como um organismo equilibrado, “é também aberta, isto é, passível de mil interpretações diferentes, sem que isso redunde em alteração em sua irreproduzível singularidade”. (ECO, 2005, p. 40).
Com isso o receptor se privilegia, pois a cada fruição o interprete produz uma interpretação e uma execução, desta forma a obra revive dentro de uma perspectiva original.
A partir do trabalho de Eco, houve a possibilidade de interpretações múltiplas, e na abertura como caminhos de construção artística, com obras que possam oferecer o máximo de possibilidades. Segundo Pouseur a poética da obra “aberta” promove no intérprete “atos de liberdade consciente” sendo posto com centro ativo a redes de relação inesgotáveis, sem ser determinado por uma necessidade que prescreva os modos definitivos de organização da obra fruída.
A principio a intenção de “abertura” surge como algo sublime e incomunicável, o trabalho de Eco se direciona para tentar sistematizar e compreender essa estrutura poética e suas possibilidades comunicativas.
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