Era uma vez...No século XIX
Foi encontrado um dos primeiros registros a respeito do interesse pela linguagem infantil.
Correspondendo a fase da Lingüística Histórica ou Gramática Comparada, neste período aumentou, significativamente o interesse pelas línguas vivas e suas transformações. O objeto da Lingüística ainda não havia sido definido e portanto não havia um método delimitado e sistemático de pesquisa sobre a língua e a linguagem.
Século XX
A partir dos trabalhos de F. de Saussure e L. Bloomfield, a Lingüística consegue sua autonomia e passa a ser reconhecida como um estudo científico: deixa-se de privilegiar a condição histórica e volta-se o olhar para uma perspectiva descritiva.
As pesquisas sobre a linguagem da criança.
Nas primeiras décadas do século XX lingüistas e filólogos realizam estudos descritivos sobre a linguagem da criança. Mesmo desenvolvendo estudos longitudinais (registros periódicos para acompanhar o desenvolvimento da linguagem das crianças) e naturalísticos (realizados em ambiente natural em que acontecem as atividades cotidianas), não tinham o objetivo de chegar a uma teoria.
Segunda metade do século XX
Opondo-se ao caráter excessivamente formal e distante da realidade social da metodologia estruturalista, uma nova proposta de análise lingüística surge com Chomsky, essa mais interessada pela elaboração de uma teoria que explique não apenas frases efetivamente realizadas, mas as que poderiam potencialmente ser produzidas pelos falantes: a Gramática Gerativa Transformacional; e graças essa proposta de análise lingüística esta ciência passou a descritiva e explicativa.
Neste novo cenário aparecem as ciências interdisciplinares, entre elas a Psicolingüística.
A psicolinguística: o lugar da aquisição da linguagem
Maingueneau define a Psicolingüística como a ciência que estuda os processos psicológicos implicados na aquisição e no uso da linguagem.
Surgida no final dos 1950 não tinha objeto e métodos próprios e teve que se posicionar com relação à Psicologia e a Lingüística: psicólogos querendo entender o funcionamento da linguagem para compreender a mente humana e lingüistas discutindo a relação entre pensamento-linguagem, ou ainda, a ligação entre a ação de falar e a ação de pensar, se a linguagem era necessária ou não ao pensamento. Ainda hoje se discute, nas duas áreas, tal relação.
Década a década a evolução da área
Década de 60: a psicolingüística foi influenciada pela teoria gerativa de Chomsky e abriu-se o debate sobre o caráter inato das estruturas gramaticais;
Na década de 70: a Psicolingüística reclama sua autonomia e propõe que se recue o foco da investigação para a gênese da linguagem, i.e, não apenas a criança quando começa a falar, mas até mesmo para o recém-nascido, e passa a recorrer a áreas tais como a Epistemologia Genética, a Etologia e a Psicanálise;
Na década de 80: ela passa pelo período cognitivo: dominada pelas ciências cognitivas, ou seja, as estruturas lingüísticas passam a ser vistas não exclusivamente, mas como sendo adquiridas juntamente com os conceitos semânticos, com as funções discursivas, e sobretudo sendo um produto de princípios cognitivos.
Área de pesquisas variadas (Maingueneau) diferentes possibilidades de recortes
-A produção do enunciado: procura-se compreender de que modo o locutor passa da intenção de sentido à emissão de uma seqüência de sons ou de signos;
- A interpretação de enunciado: de que forma um indivíduo realiza o processamento mental dos sinais acústicos da fala para entender o que ouve;
- A memorização: como a memória armazena palavras, frases e textos;
- O plurilingüismo: postula-se a existência de uma linguagem que ultrapassa a variedade das línguas particulares e procura entender de que forma o indivíduo estoca diferentes línguas na memória e as coloca em uso no momento em que é solicitado fazê-lo;
- As patologias da linguagem: estuda os diferentes problemas no que se refere à faculdade da linguagem (dislexia, problemas decorrentes de uma patologia mental, afasias etc);
A aquisição da linguagem: tenta explicar, entre outras coisas, o fato das crianças, por volta dos 3 anos, serem capazes de fazer uso – produtivo – de suas línguas.
A Aquisição da Linguagem
Do interesse em saber de que modo a criança aprende tão rapidamente a língua que dominará pouco tempo depois, surge a necessidade de se descobrir se há um período crítico para essa aquisição; se existe uma relação entre a produção e a percepção da linguagem ou, ainda, entre a aquisição normal e a aquisição por crianças com algum tipo de desvio, e se há algum componente da linguagem (fonologia, morfologia, sintaxe etc.) que é adquirido antes do que outro., destes questionamentos originaram-se três subáreas de pesquisa:
-- aquisição de língua materna;
-- aquisição de segunda língua;
-- aquisição das escrita.
A questão metodológica
Alguns problemas que surgem:
- A dificuldade de se estabelecer uma metodologia – definitiva – de investigação que de conta de todos os estudos nesse âmbito;
- A impossibilidade de se iniciar uma pesquisa dessa natureza sem uma metodologia.
As etapas:
-Coleta de dados (longitudinal ou transversal)
-Não é possível começar a coleta de dados sem ter ao menos um ponto de partida, o pesquisador pode optar pelo método:
-- indutivo ou dedutivo;
-Os dados podem ser observados sob a perspectiva:
-- qualitativa ou quantitativa.
Obs.: Embora estejam sido apresentadas opções como se fossem excludentes, o desafio maior é buscar um equilíbrio entre as opções metodológicas de modo a retirar o máximo proveito das vantagens oferecidas por cada uma.
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