O período conhecido como pré-modernismo ou período sincrético, marca a transição entre o parnasianismo e simbolismo e o movimento modernista seguinte. É nesse momento de queda das propostas de tendência realista-naturalista-parnasiana e consequente afirmação da poesia simbolista, que surge o posicionamento crítico diante das mazelas sócio-culturais brasileiras, com a recusa do dominante academicismo da época.
A produção literária dessa fase literária, sofreu a influência relevante das transformações referentes à passagem dos valores estéticos e estilísticos do século XIX para a realidade conjuntural do momento histórico marcado pelas mudanças de cunho político e social do país.
Apesar de não constituir-se como um escola literária, por não caracterizar uma ação ou movimento organizado nesse sentido, a fase pré-modernista reuniu em seus vinte anos de permanência, uma base de representantes com características diversas, porém com um mesmo ideário. Entre os autores desse período estético, engajados na criação de propostas literárias inovadoras na busca de uma interpretação significativa e renovada da realidade brasileira encontram-se: Euclides da Cunha, Graça Aranha, Lima Barreto, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos.
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha, carioca nascido no dia 20 de Janeiro, foi escritor, professor, sociólogo, repórter jornalístico e engenheiro, tornou-se famoso e conhecido por sua obra prima que publicada em 1902, iria retratar e relatar a Guerra de Canudos.
A obra Os Sertoes de Euclides da Cunha, se insere no pré-modernismo por apresentar características próprias e divergentes das escolas literárias anteriores, já que mostrava a realidade existente em sua descrição.
Euclides da Cunha através de sua descrição jornalística, procurou ser fiel ao máximo nos detalhes em relação ao caboclo sertanejo e ao sertão visto por ele, repassando assim a realidade de um Brasil sofrido dentro do próprio Brasil, associando aos fatos econômicos, sociais e politicos. Não havia espaço para as ilusões do Romantismo, onde tudo era idealizado, e do Parnasianismo com as palavras rebuscadas de difícil acesso às classes desprestigiadas.
A publicação de Os Sertões representa um marco literário significativo para o surgimento de um novo olhar sobre os interioranos brasileiros que, pela primeira vez, evidencia as condições reais do estigmatizado homem sertanejo.
Seguindo os mesmos traços literários de outros escritores considerados pré-modernistas, a exemplo de Graça Aranha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e Augusto dos Anjos, Euclides elabora o mundo sertanejo partindo da conjuntura da dinâmica sócio-político-cultural registrada no Brasil dos finais do século XIX.
Contudo, a importância da obra Os Sertões para a construção da identidade nacional consiste na iniciativa e tentativa de Euclides da Cunha de buscar, através das teorias científicas em voga, um conhecimento genuíno sobre o Brasil nos seus mais diferentes aspectos, fugindo da mera imitação das teorias e trabalhos intelectuais de influência européia.
Portanto, como um homem representante da comunidade científica da época, Euclides utilizará todo o contexto social do país daquele momento e fará uma adaptação das teorias vigentes de acordo com a realidade brasileira, pois para ele o embasamento científico seria o único meio para dar uma explicação original às tensões da sociedade brasileira. A vertente cientificista buscava encontrar as leis que organizavam a sociedade brasileira, que determinavam a formação do gênio, do espírito e do caráter do povo. Segundo essa mesma vertente, recorrendo à leis e métodos gerais, seria possível encontrar as especificidades da evolução brasileira e, assim, deduzir seu rumo.
É dessa forma que a obra de Euclides colabora para a compreensão de um Brasil verdadeiramente brasileiro, com uma apresentação crítica do real na ficção, arregaçando pela denúncia de maneira cruel e pessimista, as condições de vida e situação do sertanejo e nordestino brasileiro que figurava ou figura como um dos tipos humanos marginalizados pela sociedade.
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