A disciplina é apenas um dos vários aspectos do processo de educação escolar, sendo encarado como algo extremamente complexo, uma vez que se trata de participar da formação, ao mesmo tempo, de trinta, quarenta ou mais sujeitos. É uma constante, que angustia cada dia mais a todos os seus integrantes, inclusive os professores.
O problema da indisciplina se manifesta de várias maneiras, e é na sala de aula que ocorre uma das mais difíceis de enfrentar, que é a total ausência de sentido ou razão para o estudo por parte dos alunos. Diante das crescentes constatações de inúmeras pessoas formadas e, no entanto, desempregadas ou muitas vezes com baixíssimas remunerações, estes alunos perderam completamente a motivação em obter ascensão social através da escola, pois não vêem nada que os interesse nas práticas empregadas em sala de aula, ou seja, não enxergam mais um futuro promissor pela via do diploma. O antigo paradigma de que só o estudo levaria um indivíduo a ser alguém na vida, não passa de mito do ponto de vista da maioria dos estudantes.
É importante salientar o fato de que houveram nas últimas décadas, profundas transformações nas relações dentro da família e da sociedade em geral. E é nesse contexto de modificações e mudanças em quase todos os setores da vida, que se percebe a necessidade de adequação da comunidade escolar dentro dessa nova realidade.
Para o professor, é muito difícil assimilar as mudanças ocorridas nas suas condições de trabalho e no seu status. Nesse contexto, o professor sente-se incapacitado para dar conta de sua tarefa e acaba encontrando uma forte dificuldade para articular outro sentido que motive seus alunos à busca de conhecimento e ao estudo.
Toda essa situação tem levado cada vez mais a inúmeras reclamações de todos os lados. Os pais que estão sendo muitas vezes chamados pela escola por mau comportamento dos alunos, a queixa dos professores de que os pais não estabelecem limites e não educam devidamente seus filhos com princípios básicos como saber se comportar, respeitar os outros, entre outros.
É fato que muitas famílias não estão objetivamente cumprindo o seu papel de berço cultural e apoio educacional.
Cada segmento tem suas queixas e expectativas, que se não forem devidamente explicitadas e debatidas, podem ficar em um processo desgastante, culminado assim em um círculo vicioso.
A partir dessa perspectiva, é imprescindível que ao invés de apontar os respectivos culpados, deve-se dedicar às responsabilidades, pois culpa remete à julgamento e à atitude de defesa, e assim, a preocupação maior acaba tentar encontrar o culpado e não em resolver o problema.
Nesse sentido, entende-se que o problema da disciplina é tarefa de todos: família, sociedade, escola, professor e aluno. Entretanto, embora a tarefa seja de todos, nem todos estão interessados na solução do problema. Dessa maneira, são necessárias atitudes intrépidas transformadoras, ou seja, fazendo cada um a sua parte e sempre cobrando que o outro faça a parte dele, e que cada segmento assuma suas responsabilidades específicas, possibilitando, nesse sentido, que todos se comprometam simultaneamente com as transformações das estruturas que estão por trás do problema como pano de fundo, para que, assim, não ocorra mais o tão famoso “empurra- empurra”.
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