Nesta narrativa clássica de Chapeuzinho Vermelho na versão de Charles Perrault, percebe-se a presença significativa de simbolismos que reúnem significados que explicam as escolhas feitas pelo autor em sua versão do conto.
O capuz vermelho que acompanha a menina, por exemplo, remete à cor de sangue, da menstruação, da libido e do coração. O lobo do conto possui um estreita relação simbólica, no sentido de representar aquele que irá acabar com a fase de menina de Chapeuzinho, já que nela se desperta a sua nova condição marcada pelo início da fase adulta e o desabrochar da libido, a menina de cujas aventuras nos falam vê-se agora defrontada com o problema do sexo e isso é explicado na moralidade apresentada ao final do conto em que o conflito entre o certo e o errado ou desejado, aparece como forma de reflexão ao leitor, em que as meninas não devem se desviar do caminho “certo”, assim como a punição imposta à Chapeuzinho por sua escolha errada.
Em Perrault, Chapeuzinho distrai-se colhendo as avelãs no bosque, símbolo da fertilidade e da luxúria, correndo atrás de borboletas, símbolo de metamorfose, e colhendo flores, símbolo da passividade que é demonstrada ao se perceber que Chapeuzinho se deixa seduzir pelas palavras do Lobo, escolhendo o percurso mais longo até à casa da avó, pela influência do Lobo:
“ […] O Lobo desatou a correr com toda a força pelo caminho mais curto e a jovem foi pelo caminho mais longo, entretendo-se a colher avelãs, a correr atrás das borboletas e fazer ramos com as florezinhas que encontrava [...]”
O desfecho da história também é um pouco diferente, pois chapeuzinho não tem um final feliz, pois acaba devorada pelo lobo, assim como sua avó:
“ […] A boa avó, que estava de cama por se achar adoentada, gritou-lhe: Puxa a cavilha, que o trinco cairá. O Lobo puxou a cavilha e a porta abriu-se. Ele atirou-se à velhinha e comeu-a em menos de nada [...]”
“ […] O Lobo malvado atirou-se sobre Capuchinho Vermelho e comeu-a [...]”
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