Considerações Sobre Origem do Conceito Resistência (Psicanálise)
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O conceito de resistência foi introduzido cedo por Freud e podemos dizer que exerceu papel fundamental no aparecimento da psicanálise. Freud renunciou à hipnose e à sugestão devido à resistência massiva que certos pacientes lhe opunham. A técnica terapêutica da sugestão não permitia reconhecer, por exemplo, a resistência contra a cura da doença exercida pelo paciente. Isto, pelo contrário, se torna possível, pelo método psicanalítico, na medida em que permite a elucidação progressiva das resistências pela interpretação, que se traduzirão, particularmente, pelas diferentes maneiras como o paciente se defende no processo terapêutico.
Foi como obstáculo à elucidação dos sintomas e à progressão do tratamento que a resistência foi descoberta. “A resistência constitui, no fim de contas, o que surgia contra o trabalho terapêutico”. Freud irá procurar vencer, inicialmente, este obstáculo, pela insistência - força de sentido contrário à resistência - e pela persuasão, antes de reconhecer nele, um meio de acesso ao recalcado e à origem da neurose. Neste sentido, como Freud insiste nos seus escritos técnicos, todo o progresso da técnica analítica consistiu numa apreciação, mais correta, da resistência, isto é, desse dado clínico, segundo o qual não bastava comunicar aos pacientes, a origem dos seus sintomas, para que o recalque se dissipasse, mas sim os fatores que a defesa estava mobilizando para proteger o ego, estabelecendo as resistências ao processo terapêutico.
“Cabe lembrar que o recalcado não opõe qualquer espécie de resistência aos esforços do tratamento; de fato, o recalcado deseja vencer a pressão que pesa sobre ele, para abrir caminho para a consciência do ego. A resistência no tratamento provém dos sistemas superiores da vida psíquica (do superego, do campo consciente, do ego) que produziram o recalque”.
Este papel predominante da defesa do ego será mantido, por Freud, até um dos seus últimos escritos: “A defesa contra perigos antigos retornam, no tratamento, sob a forma de resistência à cura, e isto porque a cura também é considerada, pelo ego, como um novo perigo”, pois não é fácil reestruturar valores (ideal de ego) e nem abdicar dos ganhos de atenção e proteção recebidos ao se tornar doente.
Nesta perspectiva, a análise das resistências não se distingue da análise das defesas permanentes do ego, tais como se especificam na situação analítica.
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