A progressão textual (sequenciação) diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enunciados, parágrafos e mesmo sequências textuais), diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmático-discursivas,à medida que se faz o texto progredir. O texto é, como diz Weinrich (1964), uma "estrutura determinativa" cujas partes são interdependentes, sendo cada uma necessária para a compreensão das demais. Esta interdependência é garantida, em parte, pelo uso dos diversos mecanismos de sequenciação existentes na língua e,em parte, pelo que se denomina encadeamento tópico.
A progressão textual pode realizar-se por meio de atividades formulativas em que o locutor opta por introduzir no texto recorrências de variados tipos, entre as quais se podem destacar: reiteração de elementos fonológicos, de tempos verbais etc.
A reiteração ou repetição de itens lexicais tem por efeito trazer ao enunciado um acréscimo de sentido, que ele não teria se o item fosse usado somente uma vez.
Em se tratando de recorrência de recursos fonológicos segmentais e/ou suprassegmentais, tem-se a existência de uma variante fonológica, como igualdade de metro, ritmo, rima, assonância, aliterações etc.
Por fim, a recorrência, na progressão textual, de um mesmo tempo verbal pode trazer indicações ao leitor/ouvinte sobre se a sequência deve ser interpretada como comentário ou como relato, se a perspectiva é retrospectiva, prospectiva ou zero, ou ainda, se se trata de primeiro ou segundo plano, no relato.
A presença de elementos de recorrência num texto produz quase sempre um efeito de intensificação, de ênfase, isto é, tem função retórica. "Martela-se" na cabeça do ouvinte/leitor, repetindo palavras, estruturas, conteúdos semânticos, recursos sonoros etc., de tal modo que a mensagem se torne mais presente em sua memória - não é o que faz a propaganda? - e ele acabe por criar um hábito ou aceite sua orientação argumentativa.
Por outro lado, pode haver progressão textual sem recorrências estritas, na qual a continuidade de sentido é garantida por outros recursos ou procedimentos linguísticos.
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