A leitura deve ocupar um lugar de destaque no planejamento do currículo escolar da modalidade EJA de ensino, preenchendo prioritariamente seus objetivos e pretensões, como instrumento de cidadania, pois a prática da leitura favorece o acesso a novas informações, ampliando, assim, o repertório cultural dos discentes.
Para aqueles “não-leitores” ou “pouco-leitores”, sobram apenas restritas e ínfimas possibilidades de poderem intervir no curso de suas vidas e dos grupos em que atuam, pois estão à margem do que se passa à volta de si, sofrendo uma espécie de exclusão social, limitando e inviabilizando a participação dos grupos que se organizam em torno da comunicação oral e escrita, lembrando que muitos espaços do mundo do trabalho se inserem entre esses grupos. Na verdade, ocupam os lugares de meros expectadores de sua própria existência, sem poder participar dela.
Para Paulo Freire (1983, p.35), essa relação do indivíduo com o seu entorno social fundamentam-se na afirmação de que, não há “educação fora das sociedades humanas e não há homem no vazio”. Logo o autor preconiza que o indivíduo “não apenas está no mundo, mas com o mundo. Estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade (...)”.
Desse modo, entende-se a necessidade de o indivíduo participar ativamente de todos os acontecimentos à sua volta, e não sendo apenas um mero integrante de uma platéia que pode, no máximo, assistir a esses acontecimentos sem poder intervir. Para isso, esse sujeito deve posicionar-se de maneira efetivamente atuante diante do processo de construção de sua cultura.
Esse processo de interação do homem com o seu mundo implica em comunicação. Ela se dá a partir do contato consciente com a pluralidade de significados a que o homem se expõe; dá-se através dos mais diversos significados lingüísticos e da leitura doa atos humanos. A comunicação é o processo de interação; acontece nos momentos em que o ser estiver aberto a sua realidade. “Compreendida de modo amplo, a ação de ler caracteriza toda a relação racional entre o indivíduo e o mundo que o cerca” (ZILBERMAN, 1991; p. 17)
Portanto, a leitura nos proporciona um poder de emersão no sentido de permitir a acepção do que está além daquilo possivelmente tangível, nos confere o poder de enxergar e perceber o que nos circunda, a fim de, como cidadãos, assumamos nossos diferentes papéis na construção de uma sociedade que respeite a lógica do bem coletivo e dos valores humanos.
Por isso, a leitura acaba promovendo a inclusão social, acaba sendo uma condição do exercício pleno da cidadania.
Em suma, a leitura, na sua perspectiva informativa, exerce o grande papel de favorecer a ampliação e o aprofundamento de nossos conhecimentos, a competência para a observação, a análise, a reflexão acerca das certezas ou das hipóteses que vamos construindo.
Compreendemos que o domínio da linguagem surge do seu uso em variadas circunstâncias, nas quais os alunos podem perceber a função social que ela exerce e por meio destas aquisições desenvolverem diferentes capacidades. Desse modo, a aprendizagem da linguagem em suas várias manifestações é essencial para que se ampliem suas possibilidades de inserção e participação em práticas sociais diversas.
OS DISCENTES MODALIDADE EJA:
A educação, como chave indispensável para o exercício da cidadania na sociedade contemporânea, vai se impondo cada vez mais nestes tempos de grandes mudanças e inovações nos processos produtivos. Ela possibilita ao indivíduo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver suas habilidades, confirmar competências adquiridas na educação extra-escolar e na própria vida, possibilitar um nível técnico e profissional mais qualificado.
A modalidade de ensino EJA está inserida no ensino da rede escolar pública, com a finalidade de receber o público de jovens e adultos que, por algum motivo, não completaram os anos referentes à Educação Básica do ensino regular em idade adequada e própria e que almejam o retorno aos estudos.
É necessário ainda considerar que, por inúmeras razões nas suas trajetórias de vida, os educandos da EJA não freqüentaram a escola na fase adequada, assumindo dessa maneira, por extrema necessidade, espaços de manutenção e de cuidados familiares, ocupando espaços de informalidade no desenvolvimento social e profissional, e encontram-se à margem do sistema capitalista, sem a oportunidade de estabilidade profissional ou familiar, marcados pelo estigma da desigualdade.
Além do contexto acima apontado, há também de se considerar aquelas de caráter discriminatório e preconceituoso, das quais os alunos acabam sendo vítimas, no momento de regressar ao convívio escolar.
Esse cenário os distingue, consideravelmente, dos discentes da modalidade de ensino regular, por exemplo, devido às dificuldades particularmente diferenciadas já apresentadas, e também pelo fato de não obedecerem, durante seu percurso educacional, a uma seqüencia contínua de escolaridade, possibilitam assim uma quebra desse processo linear de aprendizado, favorecendo dessa maneira ao desencadeamento sucessivo de obstáculos à assimilação dos ensinamentos pelo professor.
Cabe frisar que o segmento de ensino da EJA contempla alunos com dificuldades de diversas naturezas. Entre estes, estão os analfabetos, jovens que tiveram passagens fracassadas pelas escolas que frequentaram, e ainda, aqueles trabalhadores ou pretendentes à inserção no mercado de trabalho, o que requer em alguns casos, a retomada do próprio conceito de alfabetização no momento de direcionamento de qualquer conteúdo em sala de aula.
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