A Educação de Jovens e Adultos revela em sua essência que se trata de uma modalidade de ensino que em geral possui alunos que por algum motivo sócio-econômico, foram excluídos do processo educacional em idade considerada própria, e em sua maioria buscam não somente sua alfabetização, mas conhecimentos que os possibilitem melhores condições de vida e aprendizados que os levem à inserção no mundo do trabalho.
Dessa maneira, muitos desses sujeitos retornam à escola com a esperança de melhorar suas formas de sobrevivência, a sua auto-imagem, a estabilidade nos empregos,etc. Muitas vezes não alcançam o que almejam porque, na EJA, os conteúdos trabalhados são, na maioria das vezes, vazios de significados para eles, distantes das suas realidades e necessidades. A EJA deve constituir-se, assim, em um espaço acolhedor, instigando-lhes a criticidade e não visando apenas à sua formação técnica/profissionalizante, com o intuito de favorecer-lhes o acesso ao conhecimento e à cultura.
A importância do ato de saber ler e escrever está diretamente relacionada com o patamar social no qual este sujeito conseguiu se desenvolver. Dominar o código escrito significa que o sujeito possui uma habilidade básica para que possa trabalhar e evoluir. A sociedade atual está cada vez mais complexa e excludente, os discentes da EJA fazem parte dessa realidade.
A consideração pontuada acima está pautada com base na compreensão de que a leitura e a escrita são instrumentos indispensáveis na época contemporânea para que o ser humano possa desenvolver plenamente suas capacidades, seja no nível individual, seja no âmbito coletivo.
Os sistemas sociais atualmente ainda pensam na educação como organizada sob uma lógica econômica e como preparação para o mercado de trabalho. Saber ler e escrever torna-se então exigência mínima para que o sujeito seja incluído no sistema laboral.
A EJA requer, portanto, um processo de aprendizagem em que haja valorização do seu aluno, no qual ele seja sujeito ativo em seu processo de formação, reflexivo, crítico, cidadão. Mas para efetivação do pensamento em questão, deve haver um planejamento e execução no momento do ensino-aprendizagem e relação dialógica, reflexiva, entre todos que participam desse processo.
Logo, a EJA não deve ser resumida a uma mera reposição da escolaridade perdida, como normalmente se configuram os cursos acelerados nos moldes do que tem sido o ensino nessa modalidade. Deve, sim, construir uma identidade própria, sem concessões à qualidade de ensino e propiciando uma terminalidade e acesso a certificados equivalentes ao ensino regular.
Para tanto, devemos ter o compromisso de formação com nossos educandos, pensando no tipo de ser humano que pretendemos formar para a sociedade, para que de fato ele possa exercer seus direitos enquanto cidadão e possa incluir-se em meio social.
Em suma, o importante é que os professores repensem o conceito de educação para jovens e adultos, pois a vontade de aprender eles possuem, só que de uma maneira mais ampla, característica de quem já tem experiência de vida, que necessita bem mais que a própria escrita e leitura convencional, necessita acima de tudo ler as entrelinhas impostas pela problemática de ser e estar plenamente exercendo a cidadania, na busca pelo conhecimento para tornar o ambiente em que vivem comprometidos consigo mesmos e com a sociedade, com o coletivo.
Considera-se relevante então que o sucesso do aproveitamento da leitura como instrumento de ensino-aprendizagem da língua materna nesse contexto, dê-se através do posicionamento do professor em sensibilizar o aluno de EJA a encontrar o caminho e o prazer pela descoberta de pensar e escrever, proporcionando atividades significativas, levando em conta o nível de desenvolvimento cognitivo discente, com a assimilação do papel da leitura como objeto efetivo de aprendizagem e não somente de ensino.
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