Resumo de Dia do índio - Uma reflexão diaria

Dia 19 de Abril, comemora-se o Dia Nacional dos Povos Indígenas, decretado pela lei 5540 de 1943, pelo presidente Getulio Vargas. Comemorações são realizadas por todo o país, como palestras, exposições em institutos e universidades, mostra de documentários, filmes, etc. Contudo, pouco se faz com relação ao debate sobre o atual quadro dos índios e suas comunidades, e fica a pergunta: “Existe realmente um clima de comemoração?”

No Brasil pré-descobrimento, estima-se que havia de 800 mil a mais de 1 milhão de nativos presentes apenas no território que hoje é o nosso pais, hoje, são pouco mais de 400 mil indivíduos, o que representa aproximadamente 2,5% da população brasileira, sendo que antes, 100% eram índios, ou seja, 100% deste território era deles. Do inicio do século XX até meados dos anos 80, mais de 80 etnias indígenas já haviam desaparecido, e com elas, mais de 100 diferentes dialetos dos 4 troncos lingüísticos existentes (Tupi-Guarani, Macro-jê, Aruaque e Karib) também.

Além disso, os povos indígenas vivem hoje um processo de saída da “invisibilidade social”. Com o passar dos anos, e do desenvolvimento da atual sociedade brasileira, as comunidades indígenas foram cada vez mais se dissipando em nossa sociedade, isso foi acontecendo por dois principais motivos; primeiro, pela própria sociedade dita “civilizada”, que se preocupou com a sua crescente modernização, e esqueceu as comunidades que aqui viviam. Não se preocuparam em lhes prestar a devida assistência, em garantir seus direitos, e nem sequer em ensinar de maneira clara as crianças do ensino fundamental e médio o que é “verdadeiramente um índio”; segundo, pelas próprias comunidades indígenas, que viram essa invisibilidade como um recurso para fugir da ganancia do homem branco, e assim, “tentar” viver com um pouco de paz. Hoje, aos poucos esse disfarce da sociedade vem caindo, e os povos tradicionais passam a ser cada vez mais conhecidos, contudo, isso não significa ainda que são respeitados e tem seus direitos garantidos. Suas terras originárias ainda são dos latifundiários, isso sem contar quando estes já têm o direito a terra e ainda assim lhes são tomadas, como é o caso da comunidade Kaingang de Frainburgo SC, a qual esta perdendo o direito a suas terras para uma empresa de venda de maçãs que esta lá a poucos anos se comparado a ancestralidade desta etnia. Também não tem seu direito a saúde garantida, pois o atual órgão responsável pela mesma, a FUNASA – Fundação Nacional da Saúde, não os atende conforme suas crenças, onde o Pajé, também tem papel importante na cura das doenças. A educação é precária, são poucas as comunidades indígenas que tem o ensino básico as crianças, e as que tem, poucas são lecionadas na língua nativa. E este quadro não termina ai, ainda a muito a ser denunciado. Tudo isso contribui para a perda da cultura original destes povos, que em muitos lugares já são confundidos com “homens brancos”.

O governo brasileiro ainda tem uma grande divida com estas comunidades, divida esta que herdou do governo de Portugal e outros países da Europa que também usufruíram destas terras e de seus primeiros habitantes. Esta divida esta ficando cada vez mais cara, e os juros aumentando, pois a cada dia que se passa, nossos índios morrem nas mãos do latifúndio, da falta de saúde, da má educação, e da perda de suas culturas, línguas e crenças.

Neste dia do índio, comemoremos e lembremos-nos destes povos, mas não nos esqueçamos que a independência ainda não é comemorada, mas o grito da morte ecoa.

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