O labirinto da hipermídia
(Lucia Leão)
O hipertexto é formado por blocos de informações (lexias) e vínculos eletrônicos (links). As lexias podem ser texto, imagem, vídeos, ícones, etc e é o ponto onde se está antes de seguir um link.
As características das lexias podem variar muito. Existem três tipos de variação: quanto aos limites dela; presença ou não de hierarquia na organização e concepção das lexias; e os tipos de relacionamentos que podem ocorrer entre elas. Geralmente os aplicativos hipermidiáticos costumam oferecer um sistema de ícones para navegação, para auxiliar o usuário. Os botões que compõem o sistema de navegação devem estar presentes em todas as lexias.
As páginas da www são compostas de diversos itens de hiperlinks e geralmente os links aparecem no final da página ou como uma palavra destacada no texto. Quando há muitos links ou menus, há uma sensação de vazio, que os teóricos chamaram de desmaterialização da lexia. Assim temos os nós, que nos fazem parar. Os nós devem ser usados em situações desafiantes, para pessoas que gostam de decifrar enigmas, mas na internet eles devem ser evitados, ou a navegação termina.
A presença da lexia faz com que se imponha um tipo de construção textual sintética. Por isso o hipertexto é fragmentado, como se cada uma de suas partes fosse independente. Um texto muito grande é praticamente uma coisa impossível de se pensar na www.
Os links possibilitam o relacionamento entre as lexias. Os disjuntivos levam o usuário à outra página e os conjuntivos abrem uma pop up com a definição daquilo em que ele clicou. Outro exemplo de links conjuntivos são aqueles em que se passa o mouse e novos elementos aparecem. Cada um dos pontos sensíveis corresponde a um hotlink do tipo não-clicável. A hipermídia permite que, em uma página que parece simples, se tenha todas as informações que o usuário precisa.
Em relação a interatividade, podemos dizer que na hipermídia uma obra só se torna obra quando é fruída pelo leitor. A arte também pode ser interativa. No caso da literatura aberta, por exemplo, são feitas diversas interpretações da obra. Já no caso da literatura potencial, os elementos estão empilhados e somente no ato de leitura é que a obra se realiza. Temos como exemplo Queneau, que elaborou diversos sonetos e cada leitor organiza conforme uma ordem, criando um poema.
A arquitetura
Um sistema hipermidiático é como um trabalho de arquitetura, pensado em módulos. Tanto na arquitetura quanto na hipermídia, o projeto deve ser bem organizado e ao mesmo tempo flexível.
Para Roy Ascott, a arquitetura ocidental se preocupa só com a aparência e pouco com a necessidade humana de transformações. Quando estamos na www, estamos no mundo real e no ciberespaço. Com isso, o conceito de indivíduo é substituído pelo de interface. Ele fala da cibercepção, que é a capacidade de perceber e habitar o ciberespaço. Quando pensamos na arquitetura da hipermídia, nosso modelo deve ser das formas naturais, que estão sempre se transformando. A www tem um protocolo que deve ser seguido. Nos endereços da web temos a instituição, o país que ela pertence e em seguida o departamento. Ex.: www.pucsp.com.br/interlab.
A mobilidade se consegue criando elos entre as partes de um mesmo documento. Porém, muitos elos fazem com que a percepção também seja fragmentada, como se tivéssemos um imenso espaço, mas só podemos acessá-lo por meio de pequenos recortes.
O computador nos dá mais possibilidades de modificar um texto, o que não acontece numa folha de papel. O hipertexto permite que diferentes partes do documento estejam conectadas. São pequenos blocos, como se fossem verbetes. Alguns autores dizem que esses blocos devem ser sintéticos. A escrita topográfica é aquela onde o texto se divide em unidades, ou tópicos, de tal forma que em certo momento se pode organizar essas unidades para formar um texto coerente. Para Bolter, sempre escrevemos em tópicos. Não se escreve topograficamente somente no meio digital, mas sempre que fazemos um texto em tópicos. Um dos grandes problemas da estrutura hipertextual é que ela se monta a partir de fragmentos, que o leitor deve juntar. É preciso amenizar a separação entre as diversas lexias. Os links também devem ser os mais invisíveis possíveis e funcionar como elementos naturais na página.
Como um labirinto, que é finito para seu criador, mas infinito para quem o percorre, funciona a rede. É impossível percorrer todos os sites. Porém, cada um deles foi criado e concebido por mentes humanas, dentro de um princípio de finitude. Nem mesmo quem cria um endereço consegue sair do labirinto que é a rede.
De acordo com Hofstadter, as propriedades locais exigem um observador próximo e as propriedades globais solicitam uma visão vasta, que não se prenda a detalhes. A forma total da rede é uma propriedade global. Visualizar a rede é humanamente impossível e restrito à utilização de realidade virtual. Porém, em relação a propriedades locais isso muda. É possível representar os links que saem de um site e mapear a rede que se forma em volta de um endereço.
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