Qualidade de Vida na Area Metropolitana de Lisboa
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Para se perceber o grau de qualidade de vida, há que perceber antes de mais que factores contribuem para a mesma. Esses factores têm a ver com as espectativas para a vida e com a ordem hierárquica com que determinados factores são colocados enquanto os que desempenham um papel mais contributivo para o aumento da qualidade de vida. Apesar do carácter subjectivo já referido, quanto mais específica é a amostra de análise, mais concordantes são os resultados. Daí que, de um modo geral, na AML, há uma homogeneidade relativamente ao que se considera ser boa qualidade de vida, sendo que se nota uma valorização das dimensões pessoais (sobretudo materiais) - Having e Being, segundo Allardt-, e uma desvalorização relativamente a dimensões societárias, expressas em necessidades de pertença e de identidade pessoal e social- Loving. Isto reflecte um modo de vida individualista, perfeitamente relacionado com as sociedades urbanas da actualidade onde há uma desvalorização das componentes associadas às condições do quadro de vida e com um nível societário. Podemos então ordenar as categorias associadas à qualidade de vida na AML consoante o seu significado:-Condições materiais;-Condições de realização pessoal não materiais;-Saúde;-Condições do quadro da vida;-Valores Sociais.Porém, se separarmos a área de estudo em várias zonas, nomeadamente, Lisboa, AML Norte e AML Sul, nota-se uma diversidade de respostas devido á hierarquia social existente. Nas zonas associadas às classes sociais mais altas (Lisboa) tende-se a considerar as questões materiais menos importantes para um acréscimo da qualidade de vida uma vez que já têm esse factor satisfeito valorizando, por isso as questões afectivas, que garantam uma realização pessoal num contexto social, como ter emprego, boa educação, formação cultural e liberdade individual. Por outro lado, na AML Sul onde a generalidade dos territórios são ocupados por classes sociais mais baixas, as condições materiais são um factor que contribuiu para a qualidade de vida, nomeadamente três níveis essenciais: dinheiro, família e saúde. Relativamente à AML Norte, pode dizer-se que se encontra num meio-termo entre o individualismo lisboeta e a noção primária do que é de facto qualidade de vida.Outra premissa que se pode utilizar para estudar a qualidade de vida na AML é a faixa etária. Os mais jovens (até 25 anos) tendem a desvalorizar as questões materiais, dando maior importância a questões relacionadas com o quadro da vida e de realização pessoal. Isto reflecte o espírito recheado de expectativas e de menores responsabilidades. Isto porque se trata de uma idade em que, geralmente ainda se depende economicamente da família, portanto, essas questões ainda não são consideradas. Os indivíduos que se encontram entre os 26 e os 40 anos são os que valorizam mais as questões materiais, já que são um grupo em início de vida, que procuram uma sedimentação da situação profissional. Relativamente á importância da saúde para a melhoria da qualidade de vida, é mais notória quanto maior é o escalão etário. De um modo geral, há uma elevada satisfação dos inquiridos com os domínios da sua vida, em todas as idades, zonas de residência e classes sociais, sendo que a maioria obteve níveis de satisfação superiores a 80%. As categorias com menor satisfação estão relacionadas com as condições de mobilidade, equipamentos de saúde, tempo livre disponível e condições relacionadas com a segurança. Por outro lado, as esferas relacionadas com a vida privada apresentam elevados níveis de satisfação. Entenda-se por isso, família, amigos, habitação; que estão intimamente relacionados com a auto-estima, aumentando assim o nível de satisfação.Uma conclusão interessante do estudo efectuado na Área Metropolitana de Lisboa relativamente ao nível de satisfação com os factores que influenciam a qualidade de vida demonstra que os habitantes do centro que demonstram uma noção mais abrangente e exigente relativamente ao conceito de qualidade de vida são curiosamente os que se encontram menos satisfeitos com a vida, contrapondo aos habitantes da periferia que se apresentam como os mais satisfeitos. Isto vem reforçar outra conclusão do estudo, em que, relativamente ao nível de satisfação consoante a classe social, se nota uma maior satisfação com a vida nos EDL (Empresários, Dirigentes e profissionais Liberais), porém, os PTE (Profissionais Técnicos e de Enquadramento) e os Operários não apresentam uma diferença significativa. Ou seja, as classes sociais e a zona de residência estão intimamente relacionadas com as premissas que definem o que é qualidade de vida, porém, isso não influencia o grau de satisfação.Relativamente ao grau de satisfação com a vida consoante o escalão etário, os escalões mais satisfeitos são curiosamente o mais baixo e o mais elevado, ou seja, antes de 25 anos e a partir dos 65 anos. Por outro lado, os menos satisfeitos são os indivíduos entre os 26 e os 40 anos, já que este é o período da vida que exige maiores responsabilidades, menor disponibilidade de tempo e maiores investimentos.A segurança é um dos factores que traduz uma maior variação relativamente ao contributo para a qualidade de vida. É mais valorizado na AML Norte e AML Sul, e a sua importância é crescente com a idade e decrescente com a gradação de classes. O mesmo acontece às condições de mobilidade que afectam essencialmente os jovens moradores na periferia. A melhoria das condições de mobilidade e segurança, poderia significar o aumento da qualidade de vida para esses grupos.
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